Subject: "Desafios do sindicalismo" |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 03:06:29 01/30/04 Fri
In reply to:
Francisco Sarsfield Cabral - DN
's message, "Revisionismos" on 09:30:56 01/28/04 Wed
No contexto do domínio dos poderes politicos, nacionais, europeus e até mundiais por forças e correntes neoliberais, visando
desregular e desestruturar toda uma sociedade assente
nos pilares de anos de lutas e de conquistas sociais , o dirigente da CGTP , Ulisses Garrido,propôs-se ,ainda que parcelarmente ,reflectir in "Le Monde diplomatique " de Janeiro p.p. sobre o sindicalismo.
De facto , o pensamento e a acção sindical no quadro social de uma sociedade em que o capital financeiro impôs e impõe uma profunda reorganização do trabalho e da forma de o prestar, que conseguiu desregulamentar e precarizar e, igualmente , terciarizou a economia , instrumentalizando uma " espantosa revolução técnico - cientifica que, abrindo imensas possibilidades de desenvolvimento, gerou mais pobreza e injustiça - particularmente na distribuição da riqueza -, fortes ataques aos direitos e a substituição do direito pela força das armas "...
Depois de vários considerandos sobre o avanço do capitalismo neoliberal ,Ulisses Garrido após citar o teórico do capitalismo ,Peter Drucker, releva o papel do sector terciário como o da "grande precariedade e arbitrariedade laborais , da inovação selvagem e desregulada ". É muito evidente que este sector sempre em evolução ,acentua a dicotomia entre um trabalho de massas desqualificado,mal pago e transitório- mas que com a introdução do automatismo "poderá mais tarde vir a diminuir -, e um "trabalho de elite altamente qualificado e bem pago,ligado à automação e, por isso, de importancia crescente".
Assim para o Sindicalismo , para o movimento sindical, o sector dos serviços ( e os trabalhadores do conhecimento ) é o sector estratégico para a acção sindical. "É aí que a acção sindical mais influenciará o poder", sublinha Garrido. Essa seria como que a "nova classe operária" , usando a terminologia da Revolução industrial.
Mais à frente acentua que ,pese as novas dificuldades, a aposta da organização sindical será trilhar caminhos não experimentados ,incertos e inovadores, "eles mesmos captando a juventude e tirando partido das novas tecnologias,é no entanto o único trilho garantido e seguro (até mesmo o único motivador e entusiasmante)."...
E mais à frente salienta que " o movimento sindical já tem um caminho aberto na sua relação com os movimentos sociais. Participante activo nos Fóruns Sociais , compreende hoje ser indispensável definir as formas de cooperação e acção convergente ..."
>
>Houve um tempo em que os sindicatos e os partidos de
>inspiração marxista respiravam uma enorme confiança,
>para além das vicissitudes das suas lutas: acreditavam
>que o sentido da história mais tarde ou mais cedo lhes
>daria o triunfo. Hoje, pelo contrário, esses
>sindicatos e partidos transmitem a penosa imagem de um
>combate defensivo para, na melhor das hipóteses,
>atrasar aquilo que é inevitável. De progressistas
>passaram a reaccionários, em questões que vão das leis
>laborais até à deslocalização e à falência de
>empresas, passando pela modernização da função
>pública.
>
>Por isso é interessante a tentativa de Fernando e
>Maria Rosa Penim Redondo (Do Capitalismo para o
>Digitalismo, Ed. Campo das Letras) para actualizar
>aquela inspiração marxista. «A nível sindical, e mesmo
>dos partidos de esquerda, há um enorme défice de
>compreensão acerca dos desafios de gerir uma empresa»,
>escrevem. Mais: «É chegada a altura de as teorias de
>raiz marxista fazerem as pazes com o mercado.»
>Marxistas heterodoxos, os autores consideram
>ultrapassada a teoria do valor assente no tempo de
>trabalho. Teoria que Marx foi buscar aos economistas
>clássicos ingleses e que serviu de base à sua tese da
>exploração capitalista através da apropriação da
>mais-valia pelo patrão. Os autores vêem nas novas
>tecnologias a possibilidade de acabar com o trabalho
>assalariado, numa economia do conhecimento permitindo
>um modo de produção cooperativo e sem alienações.
>
>O problema é que as ideias fulcrais de Marx não foram
>postas em causa apenas pela revolução informática.
>Elas já não colavam à realidade do sec. XIX. Há cem
>anos, Bernstein, o primeiro grande revisionista,
>mostrou o erro das profecias de Marx. O marxismo
>nasceu obsoleto.
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