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Date Posted: 04:07:31 11/01/04 Mon
Author: Ângela
Subject: Resumo da 11ª semana

Resumo da 11ª semana
GUMPERZ, John J. Convenções de contextualização. In RIBEIRO, Branca & GARCEZ, Pedro (org.) Sociolingüística interacional. Porto Alegre: Editora Age, 1998. (capítulo 6) p.98-119
Aluna: Ângela Spesiali Aroeira

O texto do autor se procura em exemplos de corpus, pistas de contextualização, como estas são percebidas e interpretadas pelos ouvintes; como ambos, falantes e ouvintes se engajam em comunicação mais ou menos eficiente, conforme suas interpretações se aproximam mais ou menos às intenções dos falantes.
Conforme os organizadores do livro, essa é a essência do pensamento de Gumperz: como se dá o processo de inferência conversacional. Para desenvolver seu modelo teórico Gumperz busca apoio i) na Pragmática (com o estudo das implicaturas conversacionais de conversas espontâneas); ii) na Teoria dos Atos de fala e seu aporte para o entendimento das forças ilocucionárias das elocuções; iii) na contribuição dos etnometodólogos para a análise da construção discursiva (quanto ao sequenciamento da conversa, os eventos anteriores e posteriores a um ato de fala e suas mudanças gradativas e sutis ao longo dessa conversa e iv) na natureza sugestiva e nunca assertiva do processo inferencial que se baseia em pressuposições, hipóteses sobre a intenção comunicativa. “pois trata-se da interpretação do ouvinte sobre o que o falante deseja comunicar e essa interpretação só poderá ser validada quando conjugada ao conhecimento pressuposto, nunca em termos de valores absolutos” (p.98).
Por pista de contextualização Gumperz entende todos os traços lingüísticos que contribuem para a sinalização de pressuposições contextuais. Elas surgem sob várias manifestações lingüísticas, dependendo do repertório lingüístico determinado historicamente.
As análises do autor para identificar as pistas localizam formas lingüísticas como expressões formulaicas de abertura de conversa como “então quer dizer que você veio passar a régua...” (exemplo adaptado por mim), usadas no início de conversações para estabelecer as bases mínimas e necessárias ao desenvolvimento de comunicação eficiente e produtiva; alternância de código (dialeto ou expressões típicas de grupos sociais); e outras formas lingüísticas como sinais prosódicos. Além desses sinais mais óbvios o autor trabalha coma as noções sobre canais proxêmicos, cinestésicos e específicamente o direcionamento do olhar. Embora a percepção e interpretação desses sinais se dêem de forma tanto automática como inconsciente, os estudos revelam que nada há de randômico ou caótico e sim há um padrão sistemático de guias socioculturais que permitem a inferência conversacional. Em suas palavras “... a comunicação humana [é] canalizada e restringida por um sistema multinivelar de sinais verbais e não verbais que são adquiridos, e que ao longo da vida são automaticamente produzidos e intimamente coordenados.” (p.109).
Noção importante sobre a coordenação da conversa entre ouvinte e falante é a da sincronia conversacional, habilidade adquirida através da cultura e das experiências interativas. A partir desta se evidencia a importância que as reações automáticas às pistas não verbais para a comunicação bem sucedida.
O trabalho de Gumperz tem sido extrair das conversas espontâneas as formas lingüísticas paralelas às formas extra-verbais que sinalizam como a conversa deve ser interpretada e conduzida. Grupos tonais, distribuição de acentos, curvas melódicas tônicos estão entre essas formas e sua utilização depende da internalização (que se dá de forma inconsciente) de normas culturais básicas e de interação prosódica e sintática, refletindo tradições históricas há muito tempo estabelecidas que surgiram em áreas culturais distintas e que são mantidas através de redes de relações interpessoais. (p.119).

TANNEN, Deborah & WALLAT, Cynthia. Enquadres interativos e esquemas de conhecimento em interação: exemplos de um exame/consulta médica. In RIBEIRO, Branca & GARCEZ, Pedro (org.) Sociolingüística interacional. Porto Alegre: Editora Age, 1998. (capítulo 7) p.120-141

Tannem, lingüista e Wallat, psicóloga social apresentam a noções de enquadre interativo e esquema de conhecimento e como estes eventos interacionais se relacionam em uma interação, no caso, uma entrevista pediátrica. Ambas as noções são estruturas de expectativas importantes na construção do discurso em encontros face a face.
Enquadre, tanto como script, esquema, protótipo, atividade de fala, modelo e módulo são termos afins e refletem a noção de estrutura de expectativa, mas as autoras ampliam o conceito de enquadre agregando a perspectiva sociológica e antropológica.
Assim enquadre interpretativo é a definição do que está acontecendo em uma interação, sem a qual nenhuma elocução, movimento ou gesto poderia ser interpretado. É a percepção de qual atividade está sendo encenada, de qual sentido os falantes dão ao que dizem. Diz respeito ao sentido que os participantes constroem acerca do que está sendo feito e reflete a noção de footing (Goffman, Bateson). É a “atividade de fala”, conforme Gumperz (1982). Trata-se de uma reunião familiar, ou um encontro de casais? È uma entrevista de seleção ou uma simulação? Um debate? Uma discussão?
Esquema de conhecimento, por sua vez, congrega as expectativas dos participantes acerca das pessoas, objetos, eventos e cenários no mundo. Esquema de conhecimento é distinto de alinhamentos que são negociados em uma interação específica. As autoras reforçam a importância deste construto afirmando que “a única maneira de alguém compreender qualquer discurso através do preenchimento de informações não proferidas, decorrente do conhecimento de experiências anteriores no mundo”. No artigo, o esquema de conhecimento da mãe, a respeito da forma de respirar de sua filha indicava uma patologia, um agravamento do estado de saúde que de fato não existia e era perfeitamente normal, plausível em um quadro de paralisia cerebral.
O ouvinte, com a necessidade de satisfazer seu esquema de conhecimento, em uma interação, pode pressionar o falante a alternar seu enquadre para atender às suas necessidades. No caso do artigo, a pediatra, pressionada cognitivamente, alternava os enquadres de aula, de consulta e de conversa, conforme a platéia a quem se dirigia, mas ao mesmo tempo era levada a se “equilibrar” entre os três tipos de forma a atender às expectativas da mãe, que estava presente na situação e exigia o preenchimento de seu esquema de conhecimento. Ao modificar seu registro a médica era também levada a mudar de footing para se comunicar adequadamente a cada platéia.
O exemplo do artigo discute os enquadres conflitantes: falar com a mãe e a exigência de explicar, com o rigor técnico, à platéia virtual de estudantes, e obter a cooperação da criança para o exame. Discute também os esquemas de conhecimento diferentes: o da médica e o da mãe em relação ao que se considera quadro saudável.

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