Author:
Miguel Coelho (PS)
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Date Posted: 23/02/05 23:13:36
Debate na Assembleia da República, 18 Dezembro 2001
Miguel Coelho (PS): — Sr. deputado Francisco Louçã, ouviu-o com muita atenção e também entendo que estas eleições não puseram em causa o regime democrático, de maneira alguma, e decorreram de uma forma bastante participada, o que nos dá, seguramente, motivo para pensar sobre o que é importante para os cidadãos e o que faz mobilizar as pessoas para participarem em actos eleitorais.
No entanto, queria dizer a V. Ex.ª que há uma contradição entre o seu discurso e a prática recente do Bloco de Esquerda, em particular no que se refere a Lisboa.
Fala o sr. deputado, em nome do seu partido, na necessidade de se unir a esquerda, na necessidade de todos os homens e mulheres de esquerda encontrarem pontos de convergência para que, em próximos combates, seja possível travar o caminho a uma recuperação da direita, do ponto de vista eleitoral, que lhe proporcione ocupar os centros de decisão no nosso país, mas perdeu o seu partido — e V. Ex.ª — uma grande oportunidade de o provar na prática, no concelho de Lisboa.
É que foi graças aos votos do Bloco de Esquerda que a coligação Amar Lisboa não conseguiu cumprir o seu objectivo principal, o de eleger a sua equipa de vereação e o seu presidente.
Foi graças aos votos do Bloco de Esquerda que, em Lisboa, perdemos para a direita freguesias como Lumiar, Santa Maria de Belém, Campo Grande, Anjos e Coração de Jesus.
Portanto, sr. deputado Francisco Louçã, perderam VV. Ex.as, perdeu a esquerda representada pelo Bloco de Esquerda, a grande oportunidade de, percebendo que nestas eleições estava de facto em jogo um combate entre a esquerda e a direita, apelar ao voto na coligação Amar Lisboa que, como sabe, não foi apenas constituída por socialistas — admito que o Bloco de Esquerda possa ter algumas desconfianças em relação ao Partido Socialista, e tem, com certeza —, mas também por militantes do Partido Comunista Português.
Acima de tudo, a coligação Amar Lisboa era constituída por autarcas que conhecem bem a cidade, o concelho e autarcas que tinham provas dadas de competência, de gerir com capacidade e com consciência social esta cidade, de gerir à esquerda a cidade de Lisboa.
Nessa perspectiva, não tenho de felicitar o Bloco de Esquerda porque contribuiu para que venhamos a ter na cidade de Lisboa uma gestão que não é a nossa — evidentemente, aproveito para saudar o Dr. Santana Lopes, pela sua vitória — e que, com certeza, vai pôr em causa tudo o que representámos na cidade de Lisboa: uma gestão de esquerda para a cidade.
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