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Subject: Re: A “política” como ópio do povo


Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 24/02/05 17:05:26
In reply to: Fernando Penim Redondo 's message, "A “política” como ópio do povo" on 22/02/05 17:51:34

Grosso modo eu percebo onde queres chegar, e com alguma razão fundamentada pela realidade.
No entanto, as mais das vezes falas de política quando queres significar agremiações políticas ,grupos de pressão , partidos politicos. É um terreno resvaladiço em que a direita extra-parlamentar e fascistóide gosta de chafurdar. Eu sei que é importante denunciar a alienação a que conduzem certas práticas políticas...

Mas são alienatórias no sentido marxista, porque se viram contra a generalidade das pessoas , pessoas que perdem o controlo das rédeas do poder decisório, que estão divorciadas, desligadas dessa realidade que , em princípo , lhes devia dizer respeito mas que lhes é cada vez mais estranha.
É de facto a participação ,efectiva e para além do voto, que lhes escapa porque está esvaziada do conteúdo democrático.
Claro que a par dos partidos também surgem impantes as ideologias mais ou menos alienantes,porque fixadas no tempo,sem uma dinâmica dialéctica que as ponham na ordem do dia..., que respondam à complexa realidade de Hoje.






>href="http://dotecome.blogspot.com/2005/02/poltica-como
>-pio-do-povo.html" target="blank">
> >src="http://www.dotecome.com/blog/imagens/futebol.jpg"
>width="300" height="228">
>
>Parafraseando Marx procuramos compreender como certas
>formas de fazer política têm o mesmo efeito
>alienatório que era atribuído à religião.
>
>Paradoxalmente, ao longo do século XX, assistiu-se a
>todo o tipo de abastardamentos da política que fizeram
>dela, apesar do aviso de Marx, um conjunto de
>comportamentos de tipo religioso; os pseudo-messias, a
>crença na redenção longínqua e em uma nova vida
>“pós-qualquer coisa”, a permanente busca e castigo dos
>“hereges”, e outros.
>
>A política era uma forma de escapar aos tormentos de
>cada dia e projectar-se num futuro ideal.
>Aqueles que não eram “tocados por essa luz” precisavam
>de ser catequizados. Um dos maiores equívocos
>consistia em não se pôr sequer a hipótese de alguém
>não querer ou de alguém não considerar viável o mundo
>radioso que se almejava.
>
>Essas perversas semelhanças entre a política e a
>religião já foram objecto de muitos e variados estudos
>e anátemas.
>
>Na sequência da queda do muro de Berlim a política
>começou a parecer-se cada vez menos com a religião e a
>parecer-se cada vez mais com o futebol; a
>transcendência deu lugar ao primarismo, os “horizontes
>que cantam” desapareceram dos discursos, em vez de
>Messias passámos a ter os habilidosos “bons de bola” e
>em vez de hereges temos apenas as “claques” da outra
>cor.
>
>Temos também o “offside” do Santana quando foi nomeado
>PM, as mudanças de treinador com “chicotada
>psicológica” protagonizada recentemente por Paulo
>Portas, as “transferências milionárias” do tipo
>Freitas do Amaral e os laivos de “apito doirado”
>atribuídos à dissolução do Parlamento à qual se seguiu
>uma “goleada” da equipa do Sócrates.
>
>Os comentadores políticos já são pelo menos tão
>famosos como os comentadores desportivos e alguns até
>transitam elegantemente de uma condição para a outra
>(vide Santana e Seara, por exemplo).
>Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa são as
>“irmãs Lúcia” destes novos tempos.
>
>Enquanto que na sua “fase religiosa” a política se
>movia por grandes objectivos gerais, nesta “fase
>futebolística” a política é o reino dos cadernos
>reivindicativos de efeitos imediatos.
>Mesmo os partidos com tradições revolucionárias, como
>o PCP, já só propõem os aumentos das pensões, e do
>salário mínimo em vez do “mundo novo” e do “homem
>novo”.
>A esquerda moderna, ou seja da moda, adiciona umas
>pitadas de ervas “fracturantes” para ganhar as
>vanguardas do Bairro Alto.
>
>A melhor distinção direita-esquerda que conheço é:
>todos dizem desejar o bem público mas para a direita
>ele é alcançável sem acabar com o capitalismo e a
>esquerda pensa que para isso é imprescindível a
>transformação radical do sistema.
>
>Mas já ninguém fala do sistema excepto aqueles que,
>sintomaticamente, dizem que “outro mundo é possível”.
>Notem bem: “é possível” e não “é desejável”, “é
>urgente” ou “deverá ser assim”.
>
>Ninguém parece querer alterar profundamente as regras
>do sistema (do campeonato), as vitórias e as derrotas
>emanam dos fait-divers (dos dribles) amplificados pela
>comunicação social (pelas claques).
>O leque de escolhas políticas disponíveis é demasiado
>estreito.
>
>Estamos condenados ao clubismo mais delirante e ao
>“síndrome do penalti” que é uma forma de cegueira que
>nunca permite admitir os castigos contra a nossa
>equipa.
>
>As campanhas eleitorais que estamos a viver são como
>um jogo de futebol em que, após 90 minutos de
>invectivas à mãe do árbitro e dos adversários, a
>vitória se decidisse não pelas bolas entradas na rede
>mas por votação dos adeptos presentes no estádio.
>
>Infelizmente a política não é um jogo “a feijões”.

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Replies:
Subject Author Date
Que cepticismo e que amargura nestev magnífico texto de Redondoobservador curioso24/02/05 18:02:36
    The Hacker ManifestoGonçalo Valverde24/02/05 18:18:13


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