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Subject: Interregno II


Author:
Correia de Campos
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Date Posted: 25/02/05 12:33:08

Continua a relutância em se aceitar Sócrates como grande vencedor e líder. Resquícios de uma cultura de improvisação que considera postiço o que é bem organizado, de plástico o que é previamente programado e repetitivo o que foi deliberadamente concentrado.

A cultura do ligeiro leva tempo a aceitar reflexão mais sólida. Uma campanha conduzida com profissionalismo, centrada em conceitos seleccionados por grupos focais, apoiada num bom programa, foi considerada pouco imaginativa. Uma escolha criteriosa do uso do tempo do líder, de forma a retirá-lo da asfixia patogénica e de palmadas nas costas é vista como uma fabricação artificial. A selecção rigorosa da agenda política e a concentração em temas centrais é considerada empobrecedora do debate.

Alguns dos nossos comentadores políticos terão que se reciclar, depois destas eleições. Talvez lendo um pouco mais, talvez reanalisando Cavaco 1991, ou Bush 2004.
Dito isto, vamos às responsabilidades do PS e de Sócrates, perante quem lhes concedeu o voto. A primeira coisa a fazer é meditar bem na composição do novo hemiciclo. A enorme fatia do bolo que passou de "laranja" a "rosa" implica consequências: que esse eleitorado considera o PS capaz de defender os seus interesses (e em parte os do país).

Em parte por descrença na errática e incompetente governação anterior, mas em boa parte por reconhecer que o PS estará bem colocado para tentar a modernização do país, falhada nos escombros de uma política restritiva cega, desigual e sem objectivos. Não foi um voto para a inacção, para defender bastiões da geração grisalha, mediocremente instalada, mas instalada, apesar de tudo. Foi também o voto de muitos activos jovens, parte deles desempregados, mulheres e muita classe média baixa, para que houvesse mudanças, pois "para pior já basta assim". A resposta a este voto não se faz parando a sociedade, distribuindo, ou prometendo distribuir o que não se gerou, mas animando as mudanças necessárias.

Quer se queira quer não, o PS perdeu votos à sua esquerda e ainda bem. Votos que reforçaram a utopia de meia-idade e a utopia jovem, aqui e ali "chic". Esta emagrecerá, quando as segundas figuras tiverem que substituir os esforçados e competentes líderes e se revelar a confusão na vontade de mudança, as pequenas fissuras, depois as contradições. A menos que, por inércia do sistema, algumas bandeiras perdurem durante mais tempo que o recomendável, servindo de eterno capital de queixa: o aborto, as regiões, a reforma fiscal.

Já sabemos que a sustentabilidade da Segurança Social para os nossos filhos e netos, a eficiência dos hospitais e centros de saúde, o peso excessivo da função pública, frágil prestadora e inoperante reguladora, pouco perturbam esses "conspiradores grisalhos", na feliz expressão de Ribeiro Mendes. Ora o PS deve aprender com o fracasso reformista dos anos 1995 a 2000, onde, tirando excepções, algumas conduzidas pelo primeiro-ministro indigitado, o ímpeto reformador esmaeceu logo após a célebre convenção sobre políticas sociais, no Coliseu, em Maio de 1996.

Mesmo que já se tenha esquecido, o Prós e Contras desta semana relembra-nos. A linguagem, conteúdo e deslocado colorido dos representantes dos dois partidos à esquerda do PS fizeram voltar à memória o pior do PREC (para além do muito que de bom se conquistou). A sentença de que, para que a economia cresça, será necessário primeiro aumentar os salários e ordenados revela confrangedora ignorância e perdida inconsciência.

O PS não precisa de tapar os ouvidos a esta e outras tiradas celestiais. Deve tê-los bem abertos, para melhor escolher o seu caminho. À sua direita terá sereias com outro canto, melodioso desta vez: que a maioria absoluta permite reformas "duras" que só o PS terá coragem e condições para levar a cabo.

Aqui também trata-se de fixar a agenda política. Pequena mas forte, sem dela sair. E resistir ao entusiasmo inicial dos comentadores, o qual surgirá generoso, com o anúncio de primeiras medidas, convertendo-se em rápido cepticismo assim que os bem pensantes reconhecerem não terem sido eles a ganhar as eleições.

Professor universitário

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Replies:
Subject Author Date
Este é que é o "day after"Não há pachorra26/02/05 0:59:31
Re: Interregno II - MinisteriáveisVicente Jorge Silva27/02/05 15:12:26
Com professores universitários deste calibre como não estará a nossa juventude?observador curioso27/02/05 17:08:46


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