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Subject: Ah valente! Quem fala assim não é gago


Author:
Visitante ocasional
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Date Posted: 5/07/05 13:50:45
In reply to: Visitante 's message, "Estes comunistas ainda são marxistas?" on 4/07/05 23:09:30

Sim senhor as verdades são para se dizer e quem fala assim não é gago. Muito bem.

>O artigo de Aurélio Santos, jornalista do Avante, tão
>comentado aqui é uma peça jornalística e tanto. Tem
>desculpa, porque um jornalista não passa de um
>propagandista, e este não escapa à regra. Ainda por
>cima escreve mal, de modo que algumas passagens são
>quase incompreensíveis ou sem nexo; mas, pode ser que
>não seja profissional do ofício e seja apenas mais um
>dos muitos que se voluntariam para levar a propaganda
>às massas. Se, para as massas, toda a palha faz
>palheiro, qualquer coisa serve, já os transcritores de
>serviço deveriam ter mais cuidado na selecção, e não
>trazer para este fórum análises tão ligeiras.
>
>O Marx apontava o Estado como instrumento da dominação
>de uma classe por outra; no caso, a dominação do
>proletariado pela burguesia. E a gora vêem-se os
>trabalhadores e os comunistas a defender funções do
>Estado. De facto, alguma coisa está errada. Nesta
>questão, o Marx não é, certamente. Serão os
>trabalhadores ou os comunistas? Os trabalhadores,
>coitados, se puderem sacar algum a quem lhes saca
>tanto dão-se por satisfeitos, mas melhor se sentiriam
>se pudessem não depender do Estado, tanto mais que as
>receitas do Estado são uma fatia do bolo que eles
>ajudaram a fazer e que lhe é extorquida, directamente,
>através dos impostos e das taxas, ou, indirectamente,
>pelos impostos e taxas cobradas àqueles que ficaram
>com a maior parte do bolo. Porque isso do Estado dar
>alguma coisa aos trabalhadores só existe na cabeça dos
>outros defensores do Estado: os comunistas.
>
>Os trabalhadores conquistaram muitas coisas ao Estado
>dos capitalistas, nada mais correcto. As oito horas e
>a progressiva redução do período de trabalho, os
>direitos de organização sindical e outros de
>cidadania, o direito a férias pagas, etc. Em grande
>medida essas conquistas deveram-se à sua luta por uma
>melhor repartição do bolo em cuja confecção
>participavam, isto é, por um aumento do salário real.
>A produtividade crescente, mercê de produções em
>grande escala durante a guerra, mantida depois pela
>pressão da reivindicação que obrigou a uma revolução
>técnica e científica que não mais parou, permitiu à
>burguesia abrir um pouco os cordões à bolsa, tanto
>mais que passou a compreender que a taxa de lucro só
>poderia manter-se ou ampliar-se se o consumo interno
>absorvesse a parte do aumento da produtividade que a
>exportação não escoava. Tudo isto foi possível em
>período de expansão económica e pela luta
>reivindicativa dos trabalhadores nos seus países.
>
>Apenas nalguns países, nomeadamente na Europa, em que
>os partidos social-democratas, de certo modo também
>herdeiros da tradição de efectuar a revolução através
>das reformas do Estado do capital, foram poder,
>isoladamente ou em coligação com os comunistas, essas
>conquistas dos trabalhadores foram integradas como
>funções do Estado. Não que fosse maquiavélico, mas o
>certo é que a integração de algumas dessas conquistas
>nas funções do Estado, nomeadamente, os seguros de
>reforma e os seguros de saúde, colocava os
>trabalhadores dependentes de quem conquistasse o
>poder, o que os social-democratas, como defensores de
>muitas delas (porque única forma de prestarem qualquer
>serviço aos trabalhadores), não deixavam de
>aproveitar. Onde elas não foram obra das associações
>sindicais e mutualistas operárias ou não foram
>complementadas com o fortalecimento dessas associações
>é precisamente onde elas são mais precárias e onde
>passaram a ter o efeito perverso de reforçar o domínio
>da burguesia, colocando os trabalhadores numa maior
>dependência e a defender o Estado dos capitalistas.
>
>De qualquer modo, nada mais falaz do que afirmar que
>essas funções do Estado foram produto de lutas dos
>trabalhadores “inspiradas pelos ideais do socialismo e
>do comunismo” ou se ficaram a dever a concessões da
>burguesia motivadas por “uma correlação mundial que
>colocou o capitalismo em recuo” e “pelo
>desenvolvimento em muitos países de um rumo socialista
>que pela primeira vez na história levou à prática,
>como inerentes à pessoa humana, direitos sociais que o
>Estado capitalista ignorava e espezinhava”. E com que
>despudor se pode afirmar que os trabalhadores tinham o
>apoio dos comunistas se toda a sua propaganda os
>criticava por aburguesamento, por rendição aos valores
>do consumismo e do desperdício capitalistas, por serem
>usufrutuários da exploração dos povos das colónias e
>dos países menos desenvolvidos? Digamos que é preciso
>ter lata, mas nisto, na reescrita da História, como
>sabemos, são os comunistas uns finos.
>
>O mais caricato na prosa do propagandista Aurélio,
>contudo, é a sua afirmação de que nos paraísos
>comunistas aquelas eram funções do Estado, como se
>pudesse ser de outro modo sendo o Estado o patrão
>praticamente único e o dono e senhor de tudo! Apesar
>dos sindicatos serem órgãos do Estado, não associações
>livres dos trabalhadores, a concentração totalitária
>chegava ao ponto de nem lhes reservarem a função de
>fornecedores daqueles serviços. Um erro, que a não ter
>sido cometido poderia, ao menos, ter servido como
>exemplo de propaganda do modelo de organização
>autónoma que os trabalhadores tinham naqueles
>paraísos. O propagandista não chega ao ponto de
>comparar os níveis de vida, porque aí a patranha
>saltaria à vista.
>
>O mais engraçado, exemplificador do que passa pela
>cabecinha do propagandista Aurélio, é a sua terrífica
>antevisão das pretensões do neo-liberalismo: nada
>mais, nada menos, do que um regresso ao capitalismo
>selvagem do século XIX! É obra a premonição
>catastrofista!
>
>Numa coisa tem ele razão: os trabalhadores vão ter de
>passar a comprar no mercado os seguros de saúde, os
>seguros de reforma, etc, etc. Com isto, talvez passem
>a lutar contra o Estado do capital, que vai pretender
>continuar a sacar-lhes parte do salário com impostos e
>taxas, mas, ao menos, não terão ilusões acerca de quem
>é o Estado e de quais as suas funções. A lição vai ser
>dura? Vai! Por todos os dissabores, os trabalhadores
>deveriam pedir contas aos trapalhões dos comunistas,
>que lhes andaram a impingir durante este tempo que o
>Estado era de todos nós!

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