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Subject: Centralismo democrático


Author:
José Carlos Ruy
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Date Posted: 1/11/05 22:05:44

Centralismo democrático


Um dos temas do debate do 11o. Congresso do PCdoB foi a questão do centralismo democrático, cuja importância foi amplamente reafirmada pelos militantes comunistas nas conferências preparatórias do Congresso, na Tribuna de Debates e na própria plenária final do encontro.

Há um mérito enorme nesta valorização deste eixo estruturante da organização partidária, principalmente neste momento em que ele é questionado em muitos setores da esquerda, tendo virado moda a idéia de que seu abandono seria uma condição para a democratização das organizações.

Este é um equívoco. O aperfeiçoamento da democracia partidária supõe o aperfeiçoamento do centralismo democrático, nunca seu abandono. Este aperfeiçoamento vem sendo registrado nos últimos congressos do PCdoB, particularmente desde o 8o. Congresso, de 1992, traduzindo-se no fortalecimento da elaboração coletiva e da direção coletiva vividos pelo Partido desde então.

Foi com base nesse instrumento que o PCdoB enfrentou as intempéries da década de 1990 e pode crescer e se fortalecer, atraindo para suas fileiras os lutadores da classe operária e do povo brasileiro.

Foi um período em que o PCdoB aprofundou seu domínio da teoria marxista e contribui para enriquece-la e atualiza-la; em que cresceu entre os comunistas brasileiros o conhecimento a respeito das particularidades da formação econômica e social de nosso país e nosso povo.

Foi um período de crise grave nas organizações de esquerda, conseqüência do fracasso da construção do socialismo na União Soviética e no leste da Europa. Muitas organizações, antes sólidas, perderam-se nesse caminho e outras, no esforço de uma modernização equivocada, abandonaram o centralismo democrático e descaracterizaram-se como organizações comunistas e revolucionárias, caindo na vala comum das organizações políticas burguesas.

Na contracorrente dessas tendências, o PCdoB cresceu e transformou-se no Partido que é hoje, com 70 mil militantes, 250 mil filiados, estando presente em um quarto dos municípios brasileiros, e em quase todas as grandes cidades de nosso país. Aumentou sua presença e influência no movimento social e sindical; na vida institucional, teve papel destacado nas campanhas presidenciais desde 1989 e foi um dos construtores da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, passando a assumir, pela primeira vez na história, responsabilidades no governo da República. E comemora a recente eleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara dos Deputados, a posição mais alta jamais alcançada por um comunista em nossa história.

Em sua formulação leninista originária, centralismo democrático significa liberdade de debate e unidade de ação. Ele pressupõe o debate, por todo o coletivo partidário, das teses e resoluções que orientam sua política, a tomada de decisão coletiva e, como seu corolário, a adoção da política assim definida como política de todos, que todos praticam, defendem e levam adiante.

Debater, decidir, adotar – são estas palavras simples que definem a virtude deste método de estruturação. São palavras que definem, por exemplo, aquilo que foi praticado por nosso partido nestes meses de preparação congressual, em que 70 mil camaradas se envolveram no debate amplo das teses que foram deliberadas, votadas e aprovadas entre os dias 20 a 23 de outubro, em Brasília, pelos delegados ao 11o. Congresso.

Este é um exemplo de elaboração coletiva da política que orientará os comunistas nos próximos quatro anos, exemplo da aplicação do centralismo democrático em seu sentido mais preciso, que envolve um momento de democracia (o tempo de discussão, debate e deliberação) e outro de centralização (que é a aplicação por todos daquilo que foi elaborado coletivamente).

Estamos construindo um Partido renovado, adequado para os tempos atuais, capaz de enfrentar os desafios colocados pela política e pela história. E só estaremos à altura dessas tarefas se estivermos dotados de um Partido capaz de desempenhar seu papel, persistindo nesse rumo, sem concessões às modas do momento, mas fortalecido politicamente e organicamente. A reafirmação do centralismo democrático é fundamental para que isso ocorra.

in http://www.vermelho.org.br/diario/2005/1101/ruy_1101.asp?nome=Jos%E9%20Carlos%20Ruy&cod=5057

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