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Subject: Eles já não se reivindicam de Marx, mas por cá ainda há muita alma que confunde com marxismo...


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Date Posted: 13/02/06 22:32:53
In reply to: Krassimir 's message, "Re: Uma realidade à procura de teóricos (o Marx também serve aviso já)" on 13/02/06 19:22:05

O handicap irremediável dos Petrov deste Mundo é que se apercebem da realidade política ao ralenti, com um considerável atraso, e como, ainda por cima, usam poucas variáveis no raciocínio, entretêm-se a mandar umas bojardas, polvilhadas aqui e ali por evidências, à moda de provas irrefutáveis, incapazes de explicar minimamente a realidade complexa que os cerca.

É notório o atraso com que se aperceberam da necessidade vital – para a economia americana super-endividada e colocada fora do controlo das principais reservas estratégicas mundiais (o petróleo e o gás), por via de desastrosas políticas geo-estratégicas do pai Bush e sucessores – da criação de factos políticos espantosos que pudessem justificar guerras locais de ocupação para controlo dos países produtores ou de outros necessários ao atravessamento de condutas.

A inventona do genocídio dos albaneses do Kosovo, pretexto para a destituição do regime do Milosevic e assim arranjarem caminho livre alternativo para gasoductos e outros negócios de reconstrução; a demolição das torres gémeas, pela instrumentalização de fanáticos muçulmanos (pertencentes a uma suposta rede, a Al Qaeda, pequeno grupo terrorista que entretanto haviam ajudado a criar e que lhes servira no Afeganistão e nos Balcãs) como camuflagem duma operação negra interna, para justificação do derrube do regime dos talibãs e a resolução do impasse quanto à instalação de outros gasoductos, assim como o aparecimento de outras oportunidades de negócios de reconstrução; a propalada posse de armas de destruição massiva pelo regime do Sadam, empobrecido por anos de embargo e de múltiplas restrições, para justificar uma guerra de agressão e, deste modo, susterem os projectos por este anunciados de diversificação da moeda de pagamento e das formas da concessão da exploração do petróleo – que constituíam, para o regime, uma necessidade vital, dado que comprava em Euros dos seus fornecedores europeus que furavam o embargo e não dispunha dos meios nem dos aliciantes suficientes para interessar alguém na renovação das antiquadas e degradadas instalações de exploração petrolífera, e, ao mesmo tempo, o transformava, para os americanos, num risco acrescido de contaminar a OPEC e de se tornar num fornecedor privilegiado das potências concorrentes Europa, Rússia e China – e de arranjarem novos negócios de reconstrução; a desestabilização política e as guerras de guerrilhas por tudo quanto é antiga fatia do Império Russo com interesse estratégico territorial ou energético, para desmembrá-lo irremediavelmente, atrasando a recuperação da economia russa, e para melhorar a influência ou alcançar o controlo das decisões quanto às reservas estratégicas energéticas ou territoriais daqueles países; e, agora, a propalada ameaça nuclear que constituiria o Irão, que nem daqui por dez ou vinte anos teria capacidade nuclear energética, quanto mais militar, mas que urge conquistar, para tomar o controlo total da região e suster definitivamente a permanente ameaça sobre o aliado Israel; a que se somam as ameaças constantes, que vão subindo de tom, contra o populista venezuelano e o seu regime ou a previsível criação de pseudo-factos ameaçadores do regime comunista norte-coreano, se entretanto a fome e a miséria não acelerarem o seu esboroamento, para se acercarem do gigante chinês, cada vez mais ameaçador economicamente, são apenas alguns factos políticos que confirmam que a política americana serve a economia, comprovando que fora da casa de cada um a economia não é, nem nunca foi em tempo algum, apenas a troca de mercadorias, mas política e da grossa, da ameaça e da guerra, quando falham outros meios de pressão e de controlo. É por isso que ela é designada, na expressão corrente, por economia-política.

Ao nível geo-político, as análises não são tão espartilhadas, porque já há algum tempo os estrategos que restaram do comunismo e que ainda enxameiam os centros de estratégia militar russos andam a juntar as peças. Devido às suas deformações intrínsecas, os estrategos militares, russos ou americanos, resumem tudo à conspiração militar para o controlo territorial localizado ou planetário, para assim tentarem contrariar as acções da potência inimiga; aos russos, na defensiva, interessa-lhes sobremaneira ganharem o tempo que parece ir escapando para a recuperação da sua economia entretanto destroçada (e que se efectiva, também, em boa medida, à falta de outras fontes, pelos chorudos benefícios provenientes dos negócios da droga e do armamento, em que as máfias russas se encontram envolvidas a nível local e mundial). Para eles, porém, a economia ainda parece ser o adjuvante da política e do militarismo, e não o contrário. Por isso, não será de estranhar que os russos passem a aparecer como intermediários políticos em zonas que nunca estiveram sob a sua influência aquando do regime comunista e onde não detêm interesses económicos relevantes. É provável que os chineses, por enquanto, tenham a economia no centro das suas preocupações, mas só o tempo o poderá confirmar.

Para compor as coisas e trazer um pouco a economia para a ribalta, para as análises não parecerem tão grosseiramente deformadas, aparecem uns académicos pseudo-eruditos a analisar os aspectos económicos da conspiração. No caso, este, mas também outros Petrov, alguns mesmo no coração da potência imperialista rival, que colocam a ênfase na ameaça, para o dólar e para a economia americana em geral, que constituiria a diversificação da moeda de pagamento internacional (no caso, pela ascensão do euro ao desempenho de parte dessa função).

O que não ocorre aos Petrov deste mundo é a quem interessaria a transformação da ameaça potencial para o dólar em ameaça real – com uma desvalorização acentuada da sua cotação e a consequente inflação, sendo a economia americana uma das mais endividadas e encontrando-se muita da sua moeda entesourada ou mantida como reserva em bancos dos países dos credores – e a quem interessaria uma acentuada valorização do euro face à moeda americana e a outras, por efeito da sua maior procura internacional. Aos devedores e credores, não seria, certamente, mas tal seria menos prejudicial para os americanos, que a poderiam ir compensando pelo aumento dos preços, e menos para os seus credores, que preferirão uma pressão permanente, mas controlada, sobre a moeda americana do que a sua súbita desvalorização. Por esta razão, Nixon teve a ousadia de abandonar a cobertura da moeda pelas reservas de ouro e ninguém ousou refutar ou opor-se convincentemente.

A ninguém, no seu perfeito juízo, interessará uma desvalorização acentuada do dólar e a perspectiva de uma crise geral do sistema. É por isso, em parte, que os americanos sentem as costas quentes e tentam compensar as suas debilidades económicas e de sobre-endividamento, que se traduz num nível de vida da sua população acima das suas reais possibilidades e acima do nível das populações das potências concorrentes, com a conquista de territórios de vital importância geo-estratégica. Quem não tem reservas em dólares, nem economia florescente, nem capacidade militar convincente, por seu lado, restar-lhe-á ir jogando com a arma da propaganda! Não é difícil adivinhar quem é quem!

Eles já não se reivindicam de Marx, mas por cá ainda há muita alma simples que confunde com marxismo o que os Petrov vão dizendo.

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Se morreu, para quê tanto Blá blá.....?!outro visitante14/02/06 11:59:23


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