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Subject: Sector de serviços criou 217 mil empregos em quatro anos


Author:
Francisco Melro
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Date Posted: 27/02/06 9:26:58

Sector de serviços criou 217 mil empregos em quatro anos
Francisco Melro


Apesar do desemprego continuar em alta, a economia tem criado novos empregos, sobretudo na administração pública, ensino e saúde. O problema é que os novos empregos não foram suficientes para compensar a destruição de postos de trabalho, em particular nos têxteis e na construção, e o aumento da população activa

A subida da taxa de desemprego para oito por cento da população activa constitui o elemento mais negativo da conjuntura. O fraco ritmo do crescimento económico é incapaz de absorver o continuado aumento da população activa e a natureza estrutural dos problemas em presença não deverá permitir uma inversão significativa da situação no curto prazo.
Os números divulgados pelo inquérito trimestral ao emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o quarto trimestre de 2005 revelam que o nível global do emprego é igual ao do mesmo período de 2001. Esta estabilização do nível de emprego global, num contexto em que a população activa cresceu cerca de 325 mil indivíduos e a taxa de actividade passou de 51,9 por cento para 52,7 por cento, teve como consequência uma alta acentuada da taxa de desemprego, de 4,1 por cento para oito por cento.
Em simultâneo, a crise acelerou algumas tendências do passado: menos emprego no sector primário e na indústria e mais emprego nos serviços, incluindo no sector público. Estas tendências sectoriais do emprego, que também se verificam no investimento empresarial, revelam que será difícil antever, a curto prazo, uma retoma económica em Portugal suportada pelas exportações. Esta conclusão relativiza a importância dos sinais positivos fornecidos pela recuperação do emprego global nas empresas ao longo de 2005 e pelas expectativas empresariais de que o investimento a realizar em 2006 continuará a contribuir para o crescimento líquido do emprego por conta de outrem.
Na verdade, apesar do desemprego continuar em alta, a economia tem criado novos empregos, sobretudo no sector público e nas empresas da área dos serviços. Entre os quartos trimestres de 2001e 2005 foram criados cerca de 105 mil novos empregos por conta de outrem e registou-se uma diminuição, praticamente equivalente, das outras formas de emprego. De acordo com os números do INE, o aumento do emprego por conta de outrem, resultou de uma contribuição positiva de cerca de 217 mil postos de trabalho nos serviços e de uma descida acentuada nos restantes sectores. Uma parte muito relevante do acréscimo do emprego nos serviços provém de uma área predominantemente pública (administração pública, ensino e saúde), onde o emprego global aumentou 121 mil pessoas neste período, mas a parte restante do acréscimo do emprego, da responsabilidade das empresas, foi também importante neste período.
A indústria transformadora é o sector onde o emprego tem caído de forma mais intensa e continuada. Comparativamente com o último trimestre de 2001, o nível do emprego total na indústria transformadora acusou no trimestre homólogo de 2005 uma quebra de cerca de 10,9 por cento, enquanto o emprego total na construção descia 5,2 por cento.

Origem dos
desempregados
A origem sectorial dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego do Continente à procura de novo emprego permite uma leitura complementar da marcha do desemprego. Embora entre Dezembro de 2001 e Dezembro de 2005 o número destes desempregados com origem na indústria tenha subido 53,7 por cento, há sectores produtivos onde este número revela uma subida mais intensa. De facto, o desemprego com origem nos serviços aumentou 57 por cento nesse período, enquanto o desemprego com origem na construção crescia 128 por cento. Isto poderá significar que, embora globalmente a indústria seja o sector onde o emprego mais tem diminuído, muitos desempregados da indústria têm encontrado ocupação noutros sectores.
Esta leitura será menos aplicável aos sectores do têxtil, do vestuário e do couro, donde em Dezembro de 2005 provinha quase metade dos desempregados inscritos com origem na indústria transformadora. Entre os sectores dos serviços, destaca-se, pela negativa, o sector imobiliário, informática, investigação e desenvolvimento e dos serviços prestados às empresas, onde o número de desempregados com esta origem sofreu uma subida de 107,5 por cento entre Dezembro de 2001 e Dezembro de 2005.
A marcha do emprego irá depender do andamento do investimento empresarial. Tendo em conta as expectativas manifestadas pelos empresários no inquérito semestral de Outubro realizado pelo INE, o investimento empresarial a realizar em 2006 terá um impacto positivo no número de pessoas ao serviço, contribuindo para uma criação líquida de empregos (ver texto nesta página). O mesmo inquérito refere também um impacto positivo na criação de novos empregos do investimento realizado em 2005. Este panorama positivo na criação de novos empregos é contrariado pela indústria transformadora e pelas actividades financeiras, que associaram os investimentos realizados em 2005 e a realizar em 2006 a descidas no emprego, mais intensas no financeiro.
Francisco Melro
PÚBLICO /INTELI

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Quando a realidade desmente as boas intençõesJosé Manuel Fernandes28/02/06 12:20:29


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