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Subject: A revolta Francesa II


Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 23/03/06 16:38:44
In reply to: Fernando Penim Redondo 's message, "Parece que seria lógico lutar agora por uma sociedade nova" on 23/03/06 11:55:52

Caro Fernando

Não tenho estado muito voltado para responder no fórum às críticas aos meus artigos, pois geralmente descambam sempre no disparate, mas como o interpelante és tu, aqui vai a reposta.

A minha crítica era dirigida ao artigo da Teresa de Sousa e a expressão que os estudantes querem "o que os seus pais tiveram" é daquela autora e não minha. O que eu quis realçar foi que Teresa de Sousa não tinha compreendido a diferença que existia entre o capitalismo da época e o de hoje. Ou seja, para certos comentadores de direita, com passado esquerdista, os estudantes de antanho queriam "assaltar o céu" enquanto que os de hoje só querem o que os seus pais tiveram. São nostálgicos de um tempo passado, que também foi o deles, e glosam as reivindicações do presente.
Também no meu texto afirmei que os operários conseguiram na época aumentos salariais importantes e modificação dos seus direitos laborais, daí a diferença entre os objectivos da classe operária e dos estudantes, que almejavam uma ruptura com o "sistema", sendo que para eles o "socialismo real" era igualmente o "sistema", sonhando, alguns, com uma mirífica China, que só existia na sua imaginação. Hoje, parece, que o mundo sindical e o estudantil lutam pela conservação de coisas concretas do "sistema, que o velho capitalismo liberal quer destruir.
Concluir de tudo isto que eu afirmo que "os estudantes andam sempre ao contrário da realidade" é não perceber o que está em cada época em jogo. Em Maio de 68, uma sociedade engorgitada de abundância conduziu a uma certa "malaise" dos estudantes, hoje o avanço do neo-liberalismo conduz a à defesa das conquistas obtidas.
Quanto à luta por "uma sociedade nova". Esta é uma discussão antiga entre nós. Tu sempre pensaste que era fácil propor aos trabalhadores, aos assalariados, às massas populares, o que queiras, que o objectivo era uma sociedade nova, que tu e eu provavelmente chamaremos socialismo. Eu, por outro lado, penso que a consciência das "massas" passa primeiro pela luta por objectivos concretos, que neste caso são dirigidos contra a flexibilização dos despedimentos dos jovens. Em nome de objectivos muito bonitos, muitas vezes se esquece a realidade do dia a dia, criticando a sua concretização prática, tendo unicamente em vista o objectivo final.
Um abraço

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Subject Author Date
Não é fácil mas é imprescindívelFernando Penim Redondo23/03/06 17:11:01


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