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Subject: Ai é?A revolução social é devida às lutas explorado/explorador ou entre novos e velhos exploradores?


Author:
vou ali volto já
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Date Posted: 17/11/06 13:15:55
In reply to: Guilherme Statter 's message, "5. A luta de classes..." on 17/11/06 1:33:32

>
>5. A luta de classes (em vez da harmonia – "natural"
>ou não) é a condição normal e inevitável da sociedade
>capitalista.
>

>Quanto a isto é capaz de haver pouco a dizer. A menos
>que haja quem desconheça a história da humanidade aos
>longo dos últimos séculos. A esse respeito há
>bastantes estudos sobre a frequência de greves,
>revoltas e/ou revoluções, crises mais ou menos
>profundas, duas guerras mundiais, a expansão colonial
>e a partilha de África, guerras de "libertação
>nacional", golpes de Estado, etc. etc.
>Dir-se-ia mesmo que a condição natural da espécie
>humana é a guerra e não a paz. Dir-se-á também que a
>sociedade capitalista "apenas" generalizou e
>globalizou essa condição "natural", herdada dos
>sistemas anteriores, também eles baseados em "luta de
>classes". Ou seja, a referida condição tem sido
>normal.
>No que diz respeito a "previsões" de Marx, esta
>resulta da sua análise da sociedade do seu tempo assim
>como da natureza intrínseca de um sistema organizado
>na base da separação entre a condição social de
>"posse" (jurídica e/ou de facto) dos "meios de
>produção" (acumulados do trabalho anterior e factores
>do sempre renovado processo de acumulação) e a
>condição de "posse" de apenas um particular "meio de
>produção": a "força-de-trabalho".
>Há no entanto que acrescentar alguma reflexão no que
>diz respeito a esta condição ser (ou não)
>inevitável.
>Uma tal reflexão é pertinente e relevante se nos
>lembrarmos que
>o paradigma alternativo em ciências
>económico-sociais (neoliberalismo, marginalismo,
>utilitarismo... o nome não importa aqui muito...)
>propõe ou defende a ideia da "harmonia intrínseca" do
>sistema, o qual tenderia em permanência para aquilo
>que eles chamam de "equilíbrio competitivo"
.
>Na referida "luta de classes" e de um ponto de vista
>sistémico, o que acaba por estar em confronto, ( >size="2">latente ou explícito, e/ou simplesmente
>"frente-a-frente" ainda que não necessariamente "à
>bofetada") são o factor ( >size="2">genérico e abstracto) "Trabalho" e o
>factor (igualmente genérico e
>abstracto
) "Capital".
>Sucede que este confronto (latente ou explícito,
>repete-se) pode passar pelo interior de uma mesma
>família ou até de um mesmo trabalhador individual.
>Por exemplo, consideremos o caso de um trabalhador
>assalariado (hoje em Portugal...) que decide
>"sacrificar" as suas férias para trabalhar na
>construção de uma sua casa, "secundária", própria,
>para habitação ou aluguer. Esse trabalhador estará
>indubitavelmente a fazer "acumulação".
>Esse trabalhador não será capitalista, nem aquilo que
>está fazer nessa férias é "acumulação capitalista",
>até na medida em que se defina o capitalismo como um
>sistema de acumulação de capital à custa da exploração
>do trabalho alheio.
>Aquela acumulação não será pois "capitalismo", mas não
>deixa de acontecer "em capitalismo".
>Dir-se-á então aqui que a "luta de classes", se for
>vista também como um conflito latente entre os dois
>factores fundamentais (o "Capital" e o "Trabalho"),
>assumiu aqui a forma de uma decisão (font size="2">uma
>"bifurcação" dizem nestas coisas os técnicos da
>análise sistémica) de um "sacrifício das
>férias" em benefício do próprio "sacrificante" ou
>"explorado".
>A questão fundamental é pois uma de "necessidade
>sistémica de conflito latente" entre o factor
>"Capital" e o factor "Trabalho". Enquanto houver
>"propriedade privada" dos meios de produção (enquanto
>factores de acumulação!!!), haverá então sempre um
>conflito (aberto ou latente) entre os dois factores
>intervenientes no processo de exploração e acumulação.
>Resumindo e concluindo os comentários sobre esta
>"tese", diria então que a "luta de classes" é também
>uma condição inevitável do sistema, na medida
>em que em qualquer caso sempre se terá que fazer uma
>opção por um ou pelo outro dos dois factores em
>presença.

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