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Subject: 11. A oportunidade para a revolução...


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 21/11/06 16:14:59
In reply to: Guilherme Statter 's message, "Um "inventário" das ideias de Marx e Engels - Ou a peregrinação continua..." on 14/11/06 10:55:01


11. A oportunidade para a revolução existirá apenas quando coincidirem as condições objectivas (de crise generalizada) e de preparação subjectiva (da esmagadora maioria dos trabalhadores).

Confesso que não me lembra onde é que C.Wright Mills foi buscar (exactamente) esta "tese" mas não deixa de ser verdade que ela se apresenta como consensual no seio do pensamento marxista.
A este respeito haverá pouco a dizer, é aquilo que se chama uma "verdade evidente". A questão aí subjacente (e que verdadeiramente interessa) é a de saber em que "condições ocorrem aquelas condições" (...)
Ou seja, em que condições, por um lado, há "crise generalizada" e, por outro lado, em que condições há uma "preparação subjectiva". E sobretudo, em que possíveis condições históricas é que elas coincidem...
No meio de tudo "isto" haverá e necessariamente que levar em linha de conta a capacidade de organização interna e de "gestão da crise" por parte dos representantes e defensores do Capital. Que como se sabe, também não dormem em serviço...
Crises generalizadas – que "atravessam" todo o sistema - tem havido a intervalos de (mais ou menos) 50 anos. A famigerada "Onda de Kondratieff" não é mais do que a sua representação gráfica. Até aqui – ou melhor até à invenção da bomba atómica e a proliferação dos arsenais nucleares – as elites dirigentes das diversas fracções nacionais do sistema global, não conheciam (ou não tinham encontrado) outra solução se não a "Guerra"... Entretanto e à escala global parece que as elites aprenderam a "gerir as crises" (parece ser essa a tese, entre nós, do Prof. António Mendonça) e o mais que vamos tendo (pois...) são "apenas" guerras localizadas e que – sobretudo – afectem os "outros", os da "periferia"...
Entretanto, as muitas outras crises intermédias, de menor dimensão e/ou simplesmente localizadas em "zonas industriais" ou "áreas geográficas" específicas do sistema global têm propiciado ou dado origem a várias tentativas de esboços ou "embriões" da Revolução.
Ou seja, em casos específicos têm coincidido localmente aqueles factores ("objectivos" e "subjectivos") e nesses casos tem de facto havido, se não a Revolução, pelo menos "embriões" de revolução... Alguns desses "embriões" vão-se aguentando e talvez se desenvolvam, noutros casos têm simplesmente degenerado.
Caberá aqui ainda esclarecer que em todos os casos destes "embriões" (tanto quanto me posso agora lembrar), para além dos factores ortodoxos apontados pela teoria da luta de classes, houve também e de forma decisiva a intervenção de outros factores, culturais e religiosos (por exemplo), muito em particular diversas formas de "nacionalismo" (era fácil identificar a "exploração capitalista" com os "estrangeiros"...).
Voltando então à questão acima re(formulada) de saber em que "condições ocorrem aquelas condições" (...), dir-se-á que a "crise generalizada" só pode ocorrer quando se torna insuportável a "queda da taxa de lucro", graficamente representada pela aproximação do "fundo" de uma onda de Kondratieff.
Suspeito que os dirigentes chineses estão perfeitamente conscientes disso - estamos nessa fase - e "vão gozando com o pagode" entretendo-nos a todos em "lume brando". É a tal aprendizagem da gestão da crise.
A outra condição (a "subjectiva") que os clássicos definem como "consciencialização da esmagadora maioria dos trabalhadores", essa está muito longe de se verificar. Suspeito mesmo que não se chegará a verificar.
A menos que se comece a pensar em termos de re-definir – de forma profunda ou radical - o conceito ortodoxo de "classes trabalhadoras"...

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14. A indispensabilidade funcional de uma classe... - IGuilherme Statter23/11/06 12:59:15


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