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Subject: O referendo | |
Author: Vasco Pulido Valente (Público, 29.06.2007) |
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Date Posted: 29/06/07 8:29:05 O referendo O PSD, o PC e o Bloco resolveram exigir um referendo sobre a nova "Constituição" da "Europa". Chegam com 20 anos de atraso. Deixaram passar Maastricht, deixaram passar a moeda e o banco, deixaram passar Nice, deixaram passar sem exame ou interesse muitos milhares de "directivas" sobre isto e sobre aquilo e sobre coisa nenhuma. Agora, só agora, descobriram que o "povo" é soberano e tem direito de escolher. Não se percebe este acesso de franqueza. O "povo" foi sempre posto perante o que se decidia em Bruxelas, sem uma pergunta e, muitas vezes, sem uma palavra. Nunca houve uma polémica, um debate, uma conversa. Os príncipes que nos governam (ou governaram) não acharam nada disso necessário. Sabiam muito bem o que nos convinha. Calculavam, e calculavam bem, que do "povo" não viriam sarilhos. Nenhum país famélico como Portugal protesta a sério contra a sopa do convento. Quando muito, chora pelo jaquinzinho e pela maçã reineta, como manda a tradição e a pieguice nacional. De resto, o dinheiro lava tudo: da nossa famosa "identidade" a qualquer fantasia de independência ou poder. Ninguém morde a mão que o alimenta. Os partidos competiam em extrair milhões da insondável bolsa de Bruxelas para grande gáudio da cãzoada, que se organizou imediatamente para os roubar ou desbaratar. Vivíamos no melhor dos mundos. Tirando meia dúzia de excêntricos, quem algum vez se preocupou a sério com a "Europa" e a respectiva "construção". Ainda hoje o entusiasmo é pelo QREN, não é com certeza pela maquineta dita "institucional" que se anda por aí a fabricar. Verdade que Portugal não pesa na "Europa" dos 27 e que o "tratado" irá formalizar a nossa inteira irrelevância. Infelizmente, por um lado, essa irrelevância (política, económica, cultural) existe na realidade com "tratado" ou sem ele. E, por outro, a própria "Europa" já é uma ficção. Entre os gémeos da Polónia, que planeiam perseguir 700.000 pessoas para edificação moral da sociedade e do Estado, e os famosos "valores", que a "Europa" apregoa e, até certo ponto, representa, não há ponto comum. Com a duvidosa excepção da República Checa, o Leste e o Oeste não são miscíveis. E o exercício em curso para "unificar" e fortalecer" a "Europa", ou, mais precisamente, para "unificar" e fortalecer a burocracia "europeia", é um sinal de fraqueza e desagregação. Para quê referendar o fim, quando não se referendou o princípio? [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |