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Date Posted: 08:48:56 06/21/09 Sun
Author: Liberato Santos
Subject: Resumo Vieira Abrahão (2005)

Universidade de Brasília
PGLA – Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Lingüística Aplicada
Disciplina: Tópicos Especiais em Lingüística Aplicada: Crenças de Aprendizagem e
Ensino de Língua
Docente: Profª Drª Mariney Pereira
Discente: Mestrando Liberato Santos
Data: 18 de maio de 2009

Resumo do texto de Maria Helena Vieira Abrahão “Metodologia na investigação das crenças” (2005).

A autora tem como objetivo neste artigo discutir a relação entre as abordagens, as metodologias e os instrumentos de pesquisa (ou instrumentos de coleta de dados para a pesquisa) “utilizados nos estudos que têm por foco a investigação de crenças sobre ensinar e aprender” (p. 219). Parte, para isso, de um estudo sobre o mesmo tema feito por Barcelos (2001) e exemplifica a discussão “com pesquisas realizadas no contexto brasileiro”. (p. 219).

Vieira Abrahão realiza dois movimentos durante a construção de seu texto: primeiro mostra a necessária coerência interna que deve existir em todas as etapas do processo de organização e montagem de uma pesquisa, de forma que a escolha dos instrumentos de pesquisa e o modo como são empregados decorram da metodologia adotada, que por sua vez derive da abordagem que norteia a pesquisa, que por sua vez decorra do paradigma, isto é, da visão de mundo, de ciência e de pesquisa que tanto o pesquisador quanto a própria área de pesquisa possuem sobre o objeto pesquisado (no caso, as crenças). No segundo movimento realizado pela autora, de forma concomitante ao primeiro, ela oferece uma visão diacrônica de como esses conceitos mudaram à medida que a pesquisa sobre crenças avançou e aprofundou seus questionamentos, passando de um modelo positivista/quantitativo para um modelo reflexivo/qualitativo.

Após discutir todos os instrumentos utilizados na pesquisa de crenças, a autora considera que “nenhum instrumento de pesquisa foi descartado, muito embora estejam atrelados a diferentes paradigmas e a diferentes perspectivas de investigação de crenças” (p. 229). O motivo desse não-descarte, segundo a autora, é que “nenhum instrumento isolado é suficiente” para oferecer as respostas que os pesquisadores e suas pesquisas necessitam. Assim, todas as tentativas de pesquisar crenças utilizando um único instrumento resultaram em pesquisas incompletas. O procedimento de análise de dados conhecido como triangulação, no qual é feito o cruzamento das informações coletadas por meio de dois ou mais instrumentos de pesquisa, resulta em maior confiabilidade para a pesquisa e em maior clareza e precisão no tratamento e análise dos dados, por oferecer meios de verificação e comprovação/não-comprovação das respostas obtidas através de cada um dos instrumentos utilizados.

A autora afirma, ao final de seu artigo, que “Em um desenho de pesquisa, os instrumentos devem ser cuidadosamente selecionados, para que possam levantar dados suficientes, cuja análise permita atingir os objetivos propostos e responder às perguntas de pesquisa. Todos os instrumentos apresentados podem ser combinados para levantar dados de natureza qualitativa”.

Feita esta análise, este resumo segue com a apresentação das abordagens e instrumentos discutidos no artigo de Vieira Abrahão.

ABORDAGENS: Há três grandes abordagens utilizadas pelos pesquisadores de crenças sobre ensino-aprendizagem de línguas. A primeira é a ABORDAGEM NORMATIVA, alinhada com o paradigma positivista e voltada para a quantificação dos dados obtidos. Nessa abordagem, a relação entre crenças e ações não é investigada, mas somente sugerida ou inferida. A inferência é obtida por meio de questionários fechados, do tipo likert scale, no qual o participante escolhe entre um conjunto de respostas pré-definidas. Nesta abordagem, as crenças são vistas como idéias pré-concebidas e estáticas que influenciam na abordagem de aprender e ensinar.

A segunda é a ABORDAGEM METACOGNITIVA, alinhada com uma perspectiva qualitativa (naturalista, descritiva, processual, indutiva) que busca descobrir como os participantes constroem significados de suas ações e suas vidas. Dentro dessa abordagem, as crenças são entendidas como conhecimento metacognitivo, concebido como teorias de ação que ajudam os participantes a refletirem sobre suas ações e potenciais para a aprendizagem [e/ou para o ensino, como acrescenta Vieira Abrahão (2005)]. Esta abordagem, como a anterior, enxerga as crenças como algo estável. A relação entre crenças e ação não merece atenção. Os estudos agrupados dentro desta perspectiva inferem as crenças por meio de instrumentos como entrevistas semi-estruturadas, auto-relatos e questionários semi-estruturados.

A ABORDAGEM CONTEXTUAL, terceira e última, também está alinhada com a perspectiva qualitativa. Diferentemente das anteriores, porém, as crenças nessa abordagem são vistas como dinâmicas, culturais, sociais e emergentes. A relação entre crenças e ação não é mais apenas sugerida e passa a ser investigada. Contempla pesquisas feitas nos modelos do estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa etnográfica. Os instrumentos de coleta de dados são as observações, as entrevistas, os diários, desenhos, histórias de vida e sessões de visionamento.

INSTRUMENTOS DE PESQUISA UTILIZADOS NA INVESTIGAÇÃO DAS CRENÇAS

QUESTIONÁRIOS: são de quatro tipos: 1)Fechados; 2)Em Escala; 3)Abertos; 4)Mistos, nos quais alguns itens são fechados e outros abertos. Os dois primeiros estão ligados às abordagens normativa e metacognitiva, enquanto os dois últimos estão ligados à abordagem contextual. Vantagens dos questionários: 1)são fáceis de aplicar; 2)controlam, pelas perguntas, as respostas que serão fornecidas; 3)permitem que os dados sejam coletados em diferentes momentos; 4)permitem respostas em diferentes locais; 5)podem envolver um grande número de informantes; 6)consomem menos tempo que as entrevistas no momento de sua aplicação. Desvantagens: 1)requerem muito tempo e cuidado para sua elaboração; 2) necessitam ser pilotados para solucionar problemas de ambigüidade e falta de compreensão antes de serem aplicados definitivamente.

ENTREVISTAS: podem ser utilizadas como ferramenta primária ou secundária de coleta de dados. Na segunda opção, torna-se um instrumento de triangulação dos dados coletados por outros instrumentos. São de três tipos: 1)Estruturadas; 2)Semi-Estruturadas; 3)Livres. O primeiro está ligado às abordagens normativa e metacognitiva, enquanto os dois últimos estão ligados à abordagem contextual Vantagens da Entrevista Estruturada:1)permite esclarecimentos e evita ambigüidades; 2)por ser rigidamente padronizada, assegura maior consistência e confiabilidade aos seus resultados. Vantagens da Entrevista Semi-Estruturada:1)é mais flexível que a estruturada; 2)adequa-se ao paradigma qualitativo por permitir interações ricas e respostas pessoais; 3)permite que as perspectivas dos entrevistadores e entrevistados componham a agenda da investigação. Vantagens da Entrevista Livre: 1)buscam levantar a visão mais ampla possível das percepções que os informantes têm de si próprios, de sua situação e de suas experiências pessoais; 2) apesar de aberta, permite que o pesquisador exerça algum controle na interação, de modo que seja mantido o foco nas questões pesquisadas.

AUTO-RELATOS: são de dois tipos: orais ou escritos. Relatam experiências pessoais. Também chamados de narrativas, biografias, autobiografias, ou histórias de vida. Ambos estão ligados à abordagem contextual. Podem tratar de toda a vida do participante, desde o nascimento até o momento da investigação, ou podem limitar a pesquisa a uma situação ou tema. No caso da sala de aula, os auto-relatos têm sido usados para mapear e explicar com mais profundidade a relação entre crenças e ações. “São construídos por meio de um número amplo de técnicas conversacionais, como entrevistas, discussões e conversas casuais, ou por meio de relatos verbais escritos, como descrições pessoais e relatos de eventos da vida pessoal. Podem ser realizados individualmente, mas são mais estimulantes com a participação de um interlocutor.” (p. 224). Vantagens: como a entrevista livre, permite que o pesquisador tenha acesso às experiências de vida do participante pelo ponto de vista do próprio participante.

OBSERVAÇÃO DE AULAS: sao de dois tipos: participante e não-participante, dependendo do papel assumido pelo observador. Estão ligadas à abordagem contextual. Vantagens: permitem que os pesquisadores documentem sistematicamente as ações e ocorrências que são particularmente relevantes para as questões e tópicos de investigação. Na pesquisa realizada em escolas a observação participante predomina, “embora na prática [...] possa haver diferentes níveis de envolvimento na situação da pesquisa.” (p. 226). São geralmente acompanhadas de outros instrumentos, como as notas de campo e gravações em áudio e vídeo.

NOTAS OU NOTAS DE CAMPO: utilizadas em pesquisas qualitativas, estão ligadas à abordagem contextual. “São definidas como descrições ou relatos de eventos no contexto de pesquisa que são escritos de forma relativamente objetiva [e] buscam responder às perguntas quem/ o quê/ onde/ quando/ como / e por que e podem ser organizadas em diferentes categorias para registrar descrições, reflexões ou análise de eventos.” [Burns, 1994, apud Vieira Abrahão (2005), p. 226]. “Normalmente incluem relatos de informação não verbal, ambiente físico, estruturas grupais e registros de conversas e interações” e podem ser consideradas “uma primeira análise que será mais tarde refinada, provavelmente em seu diário de pesquisa”. (p. 2226).

DIÁRIOS DE PESQUISA: “[...] são uma alternativa ou um suplemento para as notas de campo. [...] promovem relatos contínuos com as percepções dos eventos e questões críticas que se sobressaem no contexto da sala de aula. Comparados às notas de campo, são mais pessoais, subjetivos e interpretativos”, alinhando-se, assim, com a abordagem contextual.

GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO: ligadas à abordagem contextual, “constituem uma técnica usada na pesquisa qualitativa com o objetivo de registrar em detalhes as ações e interações de sala de aula. [...] Podem ser utilizadas para registrar observações gerais do contexto de sala de aula e também para o registro de aspectos específicos, como os trabalhos em pares e grupos; a interação professor-aluno e outros aspectos. Vantagens da gravação em vídeo sobre a gravação em áudio: 1)”registram os aspectos verbais e não verbais das interações, da organização física da sala de aula, da movimentação de professores e alunos, do uso do quadro negro etc.;” (p. 227). Desvantagens de ambas: 1) “podem ser consideradas invasivas pelos participantes”; (p. 227), causando inibição e uma “desnaturalização” do ambiente observado.

SESSÕES DE VISIONAMENTO: também chamadas de sessões reflexivas, estão ligadas à abordagem contextual e “envolvem a exposição das gravações em vídeo das aulas observadas aos participantes, professores e alunos, esperando levantar, com tal exposição, a perspectiva dos actantes sobre suas próprias ações e provocar a conscientização dos mesmos sobre o seu fazer.” (p. 227). Desvantagem: pode ser constrangedora, o que gera os seguintes cuidados: 1)”No caso de haver várias aulas gravadas, cabe ao pesquisador escolher algumas aulas típicas, que efetivamente representem a prática do professor. É aconselhável que as [gravações] lhe sejam oferecidas, para que ele as veja sozinho, e selecione um aula ou diferentes momentos que gostaria de assistir com o pesquisador. Vantagens para o participante: permite “que o professor consiga ver-se e refletir sobre as suas ações em sala de aula e suas origens” e conscientizá-lo “de aspectos pouco considerados por ele anteriormente, trazendo-lhe crescimento profissional” (p. 228). Vantagens para o pesquisador: “podem oferecer [...] dados interessantes” (p. 229) que lhe permitam atribuir sentido às práticas observadas.

DESENHOS: instrumento ligado à abordagem contextual, e “Usados nas pesquisas da área de Psicologia, os estudos sobre os desenhos propiciam intravisões do desenvolvimento infantil no que tange à inteligência, à cognição, à motricidade e à afetividade, além de levarem à identificação de aspectos sociais e culturais das crianças. [...] Nos estudos sobre crenças, os desenhos começam a ser usados com sucesso, como mais um instrumento para se resgatar as visões e expectativas que têm os alunos, sobretudo os mais novos, sobre o processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira.” (p. 229).

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