Sakui e Gaies -- Crenças de ensino e aprendizagem de línguas

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Date Posted: 12:50:45 07/10/10 Sat
Author: Deivison Carvalho
Subject: Sakui e Gaies

O estudo sobre o ensino e o desenvolvimento do professor tem se submetido a uma importante transformação. Há uma tentativa de compreender a formação e modificação do pensamento de professores e processos reflexivos, as suas disposições, conhecimentos e crenças. A perspectiva de ensino é o conhecimento pessoal prático que é baseado na visão de que “conhecer algo envolve estados estético, moral e emocional da mente sobre essa coisa”. A noção da pratica pessoal do conhecimento é baseado em duas suposições sobre a natureza do conhecimento do professor sobre ensinar: a) o conhecimento do professor afeta o que acontece em sala de aula; b) o cognitivo do professor é formado por uma complexa rede de conhecimento. Os professores tentam entender seus ensinamentos se focando em questões de identidade. Pela identidade profissional o professor ativa seu conhecimento, opera suas crenças e a contribuição da cognição do professor moldam o conhecimento pessoal prático. Vários fatores moldam a identidade de um professor. Algumas pesquisas têm chamado atenção para sociocultural e dimensões políticas. Este artigo explorar a forma como as crenças e cognições deste professor estão relacionadas com a sua identidade e como seus pensamentos são descritos em suas metáforas.
A presente pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa e contextual, e consiste num estudo de caso de uma professora japonesa de prática escrita de língua inglesa (Keiko Sakui), a respeito de suas crenças sobre escrita e sua prática de ensino. O contexto do estudo foi uma universidade particular em Kansai, Japão e os participantes foram Keiko Sakui; Stephen Gaies e 23 alunos de Keiko. Como instrumentos foram utilizados: diários de Keiko Sakui; entrevistas e suas devidas transcrições; observações de aulas realizadas por Stephen Gaies com notas de campo; atividades de casa e trabalhos de sala dos alunos; respostas dos alunos aos questionários e uso de metáforas.
As três perguntas iniciais da pesquisa foram:1. Quais eram as crenças de Keiko sobre ensinar, aprender e escrever? 2. Como suas crenças estavam relacionadas com o planejamento, ensino e avaliação de suas aulas? 3. Até que ponto as crenças influiam na forma como seus alunos viam o ato de escrever? Após as primeiras análises, como a questão da identidade apareceu inúmeras vezes, decidiu-se com base nos estudos de Volkman e Anderson (1998) analisar até que ponto as crenças de Keiko poderiam se vistas como a base de sua identidade profissional. Ficou bastante evidente que a identidade profissional de Keiko estava bem ligada com o conhecer e o conciliar várias tensões:

• Tensão 1: A identidade profissional de Keiko está relacionada com suas crenças conflitantes sobre sua competência. Em vários casos, julgava sua formação e habilidades de ensino favoravelmente, às vezes em seus próprios termos, por vezes, em comparação com seus pares. Essas crenças em sua competência coexistem com um senso de suas limitações. Keiko se refere às suas habilidades e deficiências não somente como professora, mas também como uma falante não-nativa do inglês, como uma adulta cuja infância e educação moldaram suas práticas de letramento em sua própria língua, como alguém que trabalha no mundo real e como mãe.
• Tensão 2: A segunda tensão pertinente ao processo em curso da criação de uma identidade profissional surge a partir de duas diferentes crenças sobre sua personalidade do professor. Há referências frequentes a seu desejo de ser identificada por seus alunos como uma pessoa no controle de sua sala de aula. E ela quer ser percebida (e acredita que ela é percebida) por seus alunos como uma pessoa carinhosa.
• Tensão 3: A terceira tensão é a discrepância entre o ideal e a realidade. A identidade profissional de Keiko é baseada em parte em sua crença de que é seu papel conciliar o ideal e a realidade. Cumprir esse papel implica, em primeiro lugar, reconhecer a importância do professor.
• Metáfora 1. aprender é uma jornada e o profesor é o guia .
• Metáfora 2. ensinar é plantar sementes.

Nesse estudo, as narrativas exercem um papel de destaque como instrumento de pesquisa, pois permitem a compreensão dos conhecimentos e pensamentos do professor, bem como de suas crenças e processos reflexivos. Sendo assim, a prática do professor baseia-se em suas experiências, sejam elas: sociais, profissionais e/ou de vida, por meio de múltiplas identidades sociais. E estas identidades são moldadas e influenciadas por fatos ocorridos tanto no interior quanto no exterior do contexto da sala de aula, e em especial, estão intimamente relacionadas aos processos cognitivos. Portanto, a identidade profissional da profª. Keiko estava atrelada ao reconhecimento e tentativa de aliar suas crenças conflitantes, aqui denominadas de tensões; e essas tensões foram trabalhadas com o uso de metáforas, para a resolução de suas crenças em contextos ambivalentes.

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