Subject: PROCESSO DE LETRAMENTO E ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA NAS AULAS DE PORTUGUÊS EM TURMA DE PROEJA |
Author: Cláudia Santos
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Date Posted: 20:52:20 03/30/09 Mon
PROCESSO DE LETRAMENTO E ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA NAS AULAS DE PORTUGUÊS EM TURMA DE PROEJA
INTRODUÇÃO
Esse projeto de pesquisa partirá do conceito de letramento, entendendo que as aulas de Língua Portuguesa não devem sistematizar regras desvinculadas do uso; limitando-se somente à aprendizagem do código escrito. O processo de ensino-aprendizagem de uma língua deve, ao contrário, possibilitar que o aluno conheça os usos e as funções da leitura e da escrita na sociedade, bem como os valores atribuídos a elas. Tal posicionamento, em relação à prática de letramento, deve estar presente também num curso técnico, no qual os alunos não costumam se identificar muito com as aulas de língua por acreditarem que estas não contribuirão na sua inserção no mundo do trabalho.
É nesse sentido, então, que se chega ao seguinte questionamento: Como as aulas de Língua Portuguesa, num curso técnico na modalidade EJA, possibilitam que os alunos se apropriem da escrita e de suas práticas sociais?
OBJETIVOS
1.Objetivo geral:
Observar se as aulas de Língua Portuguesa de um curso técnico são planejadas visando o desenvolvimento da língua escrita e da leitura dentro das suas funções sociais, ou seja, dentro de uma prática que favorece o processo de letramento.
2.Objetivos específicos:
- Questionar se o planejamento das aulas de Português num curso de PROEJA é pensado dentro de um conceito de letramento;
- Discutir se as atividades de escrita e de leitura em um curso técnico possibilitam que o aluno se aproprie da função social e dos valores atribuídos à linguagem.
JUSTIFICATIVA
A linguagem, entendida como atividade de comunicação que se efetua em forma de enunciados (orais e escritos), deve permear todas as aulas de Língua Portuguesa para que essas não se transformem numa exclusiva prescrição de regras e conceituações que não trazem nenhum tipo de significação para o educando. É claro que os conceitos, as estruturas e as formas da variável padrão da língua fazem parte do currículo, entretanto, os professores não podem dissociá-los de situações reais e significativas de uso da linguagem.
Ao propor uma atividade de produção textual, por exemplo, não se pode esquecer, conforme apresenta Bronckart (1999), que os textos são produtos da atividade de linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais; em função de seus objetivos, interesses e questões específicas. Dessa forma, a linguagem demonstra ter uma função social que deve nortear as ações de leitura e de produção de textos dos alunos.
Essa função social da linguagem, que se objetiva estudar, está intimamente relacionada à prática social da educação, devendo essa última prover as pessoas de instrumentos para melhor ler, interpretar e atuar na sua realidade, como sempre nos ensinou Paulo Freire.
O domínio da leitura e da escrita configura-se, dentro dessa lógica, como competência primordial para o desenvolvimento pleno do ser humano. É de acordo com essa ideia de formar cidadãos capazes de interferirem em seu processo histórico-social, que se confere ao ensino de língua um interesse político e acadêmico, devendo possibilitar ao docente uma intervenção pedagógica pautada no desenvolvimento dessas competências.
As aulas de língua devem abranger em seu planejamento tanto a questão social da linguagem quanto o seu papel de formador de cidadania, residindo, justamente, nestes pontos a justificativa para o projeto em questão. Espera-se que essa pesquisa possa trazer contribuições para a área da educação e, mais especificamente, para o ensino de língua dentro da EJA.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A pesquisa, que se pretende desenvolver, partirá do pressuposto de uma perspectiva sócio-interacionista da linguagem, uma vez que, entende-se esta como prática social.
De acordo com Bronckart (1999), o interacionismo sócio-discursivo analisa a linguagem, entendendo que as condutas humanas constituem redes de atividades desenvolvidas num quadro de interações diversas, materializadas através de ações de linguagem.
Além dos estudos que entendem a leitura e a produção de textos como ações sócio-cognitivas, o projeto também encontra fundamentação teórica no conceito de letramento. Soares (1999) refere-se a este como o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo em conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais.
Acredita-se, com isso, que a prática pedagógica no ensino de Língua Portuguesa deve abordar atividades lingüísticas concretas, direcionadas, monitoradas e realmente comprometidas com o contexto sócio-histórico-cultural vivido pelos alunos. A partir dessa suposição, foram embasados os objetivos desse projeto.
METODOLOGIA
No intuito de verificar se o desenvolvimento da língua escrita e da leitura está sendo feito através de situações reais e significativas de uso da linguagem que contribuem para o processo de formação de cidadania, será observada uma turma com 40 alunos do curso técnico em Instalação e Manutenção de Computadores, na modalidade EJA, de uma escola pública na Baixada Fluminense. Essa turma tem aulas no período noturno e a média de idade de seus integrantes é entre 21 e 50 anos.
O presente projeto será desenvolvido de acordo com o paradigma interpretativista, sendo a etnografia o melhor tipo de pesquisa que se enquadra com a justificativa já apresentada.
O estudo de caso será utilizado como técnica de pesquisa e como instrumentos para geração e registro de dados serão adotados: notas de campo; gravação de áudio das aulas; questionário respondido pelos alunos para verificar se as aulas estão desenvolvendo competências lingüísticas que favorecem ao letramento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 1999.
MARCUSCHI, A. L. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2002.
MOLLICA, M. C. Fala, Letramento e Inclusão Social. São Paulo: Contexto, 2007.
______; LEAL, M. Letramento em EJA. São Paulo: Parábola, 2009.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
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