Subject: Trabalhadores vivos e reais |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 07:09:37 01/22/04 Thu
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Dar resposta política aos trabalhadores de hoje" on 03:57:08 01/21/04 Wed
>Eu não quero ir para uma visão restritiva, no plano geográfico-económico da luta de classes e das tarefas que se podem e devem equacionar.
Nicos Poulantzas elaborou uma concepção restritiva da classe operária. Fernando Redondo enfatiza o mundo do digitalismo que,como se observa , ainda não abarca o mundo...
Para Poulantzas as fronteiras da classe operária são especificadas ao nível económico, pelo trabalho produtivo (o que produz valor e sobrevalor),ao qual se juntam os critérios de subordinação ideológica ,nomeadamente a distinção entre trabalho manual e trabalho intelectual ,e de dominação politica,em particular o controlo detido pela gestão no seio da produção. Assente numa abordagem limitativa do trabalho produtivo, esta definição não admite que os assalariados dos serviços sejam criadores de mais valia.
De facto, ao contrário de uma definição redutora,a complexificação da divisão social do trabalho obriga-nos a reconsiderar as estruturas de classe contemporâneas. No quadro da acumulação onde pontifica a flexibilidade,a classe operária recompõe-se. Longe de diminuir os efectivos das fracções tradicionais ,( a nova classe operária dos países periféricos,digamos assim)ao recompôr-se ela impele o processo de proletarização para uma escala sem precedentes , num contexto de concentração e transnacionalização do capital.
O que também observamos é uma enorme falha na capacidade organizativa e mobilizadora acompanhada por uma descolectivização desconcertante na e da socialidade operária...
>Penso que as questões levantadas são muito pertinentes.
>
>Quanto a mim esta discussão tem que partir de uma
>constatação prévia: a transformação social de sentido
>progressista ou se faz com os trabalhadores vivos,
>reais, ou não se fará de todo.
>
>Pode parecer inócua a formulação anterior mas não é.
>Continuamos constantemente a ceder à tentação de
>trabalhar para os trabalhadores que gostaríamos que
>existissem e não para aqueles que existem.
>
>Posto isto parece claro que o desafio para a esquerda
>é encontrar respostas capazes de convencer os
>trabalhadores que existem, nas condições em que
>existem, de que é possível estruturar a sociedade
>humana de forma mais justa, eficaz, potenciadora e
>solidária.
>
>A esquerda tem fugido deste desafio como o diabo da
>cruz, parece não acreditar na sua própria capacidade
>para atingir o sucesso.
>
>Com base em preconceitos, muitas vezes disfarçados,
>mantém com os trabalhadores actuais uma relação de
>desconfiança e de reserva que não conduz a parte
>nenhuma.
>
>Os mal digeridos conceitos herdados do século XIX,
>como a classificação marxista do trabalho produtivo e
>improdutivo baseada num conceito antiquado de
>mais-valia, leva a encarar a esmagadora maioria dos
>trabalhadores actuais como se fossem cumplices dos
>patrões na exploração do trabalho alheio.
>
>O corolário desta não assumida impotência para lidar
>com as pessoas reais, tais como elas são, é a fuga
>para os nichos minoritários de descontentamentos
>vários cujp expoente máximo é Forum Social Mundial.
>Faz lembrar a reacção de certos partidos que quando
>deixaram de conseguir fazer grandes manifestações em
>Lisboa começaram a trazer o pessoal da margem sul e,
>quando tal se revelou insuficiente, começaram a trazer
>pessoal de todo o país.
>
>A federação dos descontentamentos, por mais legítimos
>que sejam, só por si não leva a parte nenhuma se não
>formular propostas de futuro que sejam aceitáveis pela
>grande maioria.
>
>Quando questionas:
>
>"Será que o trabalhador do Digitalismo ,sob um regime
>flexível e precário na sua actividade laboral, se
>tornará no tal agente desencantado, individualista ,
>pragmático , calculista e que de forma nenhuma se
>projecta num futuro redentor ?
>Parece claro que o trabalhador, marcado por
>estratégias individualizantes da gestão de recursos
>humanos ,( Que estão aqui ao lado) não consegue
>colectivizar as suas reivindicações."
>
>a minha resposta é a seguinte:
>
>Compete aos homens de esquerda produzir as análises da
>sociedade actual que permitam polarizar as vontades de
>transformação da generalidade da população e
>prespectivar um novo curso revolucionário cuja
>resultante seja uma organização social de novo tipo.
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