Subject: Dar resposta política aos trabalhadores de hoje |
Author:
Fernando Redondo
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Date Posted: 03:57:08 01/21/04 Wed
In reply to:
Luis Blanch
's message, "Aspectos Novos no Digitalismo?" on 02:44:59 01/20/04 Tue
Penso que as questões levantadas são muito pertinentes.
Quanto a mim esta discussão tem que partir de uma constatação prévia: a transformação social de sentido progressista ou se faz com os trabalhadores vivos, reais, ou não se fará de todo.
Pode parecer inócua a formulação anterior mas não é. Continuamos constantemente a ceder à tentação de trabalhar para os trabalhadores que gostaríamos que existissem e não para aqueles que existem.
Posto isto parece claro que o desafio para a esquerda é encontrar respostas capazes de convencer os trabalhadores que existem, nas condições em que existem, de que é possível estruturar a sociedade humana de forma mais justa, eficaz, potenciadora e solidária.
A esquerda tem fugido deste desafio como o diabo da cruz, parece não acreditar na sua própria capacidade para atingir o sucesso.
Com base em preconceitos, muitas vezes disfarçados, mantém com os trabalhadores actuais uma relação de desconfiança e de reserva que não conduz a parte nenhuma.
Os mal digeridos conceitos herdados do século XIX, como a classificação marxista do trabalho produtivo e improdutivo baseada num conceito antiquado de mais-valia, leva a encarar a esmagadora maioria dos trabalhadores actuais como se fossem cumplices dos patrões na exploração do trabalho alheio.
O corolário desta não assumida impotência para lidar com as pessoas reais, tais como elas são, é a fuga para os nichos minoritários de descontentamentos vários cujp expoente máximo é Forum Social Mundial. Faz lembrar a reacção de certos partidos que quando deixaram de conseguir fazer grandes manifestações em Lisboa começaram a trazer o pessoal da margem sul e, quando tal se revelou insuficiente, começaram a trazer pessoal de todo o país.
A federação dos descontentamentos, por mais legítimos que sejam, só por si não leva a parte nenhuma se não formular propostas de futuro que sejam aceitáveis pela grande maioria.
Quando questionas:
"Será que o trabalhador do Digitalismo ,sob um regime flexível e precário na sua actividade laboral, se tornará no tal agente desencantado, individualista , pragmático , calculista e que de forma nenhuma se projecta num futuro redentor ?
Parece claro que o trabalhador, marcado por estratégias individualizantes da gestão de recursos humanos ,( Que estão aqui ao lado) não consegue colectivizar as suas reivindicações."
a minha resposta é a seguinte:
Compete aos homens de esquerda produzir as análises da sociedade actual que permitam polarizar as vontades de transformação da generalidade da população e prespectivar um novo curso revolucionário cuja resultante seja uma organização social de novo tipo.
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