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Subject: A propósito de outros fundamentalismos | |
Author: Guilherme Statter |
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Date Posted: 19/02/06 19:57:23 Para ler com a mesma dose de ironia com que foi escrevinhado. É do senso comum que "ele há fundamentalismos e fundamentalismos". Já não falo da atitude que se caracteriza por afirmar algo como "fundamentalismo é o dos outros". Não, aqui estou a pensar em "fundamentalismos "religiosos" e fundamentalismos "ideológicos". É que não é só nas religiões que há "sagradas escrituras" e "ícones intocáveis". Há por esse mundo-fora muito "livre-pensador" que se exalta à primeira manifestação de desvio em relação ao seu particular esquema de pensamento. A tolerância não é um valor adquirido nem muito menos universal. Mas vejamos alguns exemplos de "possíveis desvios" em relação ao "pensamento central canonizado": Por um lado a dialéctica materialista de Marx (por oposição à dialéctica idealista de Hegel) diz-nos que são as condições materiais de vida das sociedades que determinam as ideias que as pessoas desenvolvem a esse respeito. E não o contrário, ou seja não são as ideias que determinam a ordem social das coisas. Mas depois aquelas mesmas ideias, que foram desenvolvidas por observadores da realidade (como o próprio Marx) e a partir dessa mesma realidade são supostas permitir alterar a dita cuja realidade. Está-se mesmo a ver a coerência lógica do raciocínio. Isto é o que acontece se adoptarmos aqui – a respeito disto tudo - uma visão estática das coisas. Por outro lado, se nos ativermos à dinâmica e ao movimento contínuo de interacção entre a "Ideia" e a "Matéria" (note-se que pus isto entre aspas que é para ver se escapo a eventuais fundamentalistas de serviço) então já se percebe o caracter dialéctico e a congruência lógica do raciocínio marxista. Uma coisa é aqui e agora "isto" e através da interacção com o meio ambiente passa mais tarde e ali, a ser "aquilo". O movimento é tudo, como diria o Bernstein (Mas atenção, é caso para dizer "alto e pára o baile" que esse gajo é revisionista, não conta!). Mas vai daí temos então que aplicar o mesmíssimo raciocínio da dialéctica materialista à ("normalíssima da silva" e historicamente observada) transformação das classes trabalhadoras. Pois é. As "classes trabalhadoras" não são assim uma coisa fixa e imutável. Que não se transforme no seu contrário (a "negação da negação", como diriam os puristas). Desde logo por que isso (a não transformação da classe trabalhadora no seu contrário) seria ir contra os cânones da dialéctica materialista. (Nota: Agora meio a sério e para os mais interessados é ver o Capítulo 2 d’A Pobreza da Filosofia) Em todo o caso, cuidado, o melhor é não irmos por esse caminho... É capaz de ser pecado mortal (invocando a cólera dos discípulos do santíssimo Profeta) e por esse caminho estamos aqui estamos a chegar à conclusão que o que é natural (seguindo a abordagem do materialismo dialéctico) é chegarmos ao socialismo (uma sociedade que se postula sem classes) através da transformação dialéctica do capitalismo. Um sociedade em que os trabalhadores (repare-se que já não se escreve aqui "classes trabalhadoras") são também eles proprietários dos meios de produção. Como assim?!... Pois, através dos fundos de pensões de sindicatos, cooperativas, de investimentos em bolsa... Por exemplo. É que no esquema concebido por Marx – assim como em muita cabecinha neo-liberal – os trabalhadores não são supostos "poupar". Eles só devem consumir (ainda que eventualmente mais e melhor – com férias e tudo). Pois é... No esquema analítico convencional os trabalhadores são supostos gastar tudo aquilo que ganham. Quem faz "poupança" (em 'marxês' corrente, "sacar as mais-valias") são só as empresas (oops... os capitalistas!). Mas a realidade é chata e tem a mania de se intrometer nestas coisas. De maneira que cada vez há menos "capitalistas parasitas" (que não trabalham nem produzem a ponta dum chavelho) mas que cada vez são mais ricos. Ao mesmo tempo que vai havendo cada vez mais desgraçados que não têm onde cair mortos (mais de 3 biliões vivem com menos de 2 dólares por dia... sem água corrente e etc). E pelo meio vai havendo umas dezenas de milhões (de trabalhadores industriais) que até são "accionistas" . Que é como quem diz "capitalistas". E essa realidade é que era bom analisar. Deixando em paz o Santíssimo Profeta São Carlos de Tiers que ele já cá não pode voltar para confirmar que sim, que era mesmo isso (o que quer que seja que os fundamentalistas lhe queiram perguntar) que ele queria dizer ou deixar de dizer. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |