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Subject: Da esquerda conservadora à esquerda reformista


Author:
Teresa de Sousa
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Date Posted: 17/03/06 17:13:12



Faltam à esquerda os conceitos novos que lhe permitam entender a globalização e voltar a agir como força política de transformação

É praticamente consensual em França: a esquerda socialista não é capaz de tirar proveito da crescente contestação estudantil contra o governo. Porquê? Na noite de quarta-feira, no Parlamento português, o politólogo francês Zadi Laïdi, ligado à esquerda francesa, ajudou a encontrar a resposta.
Num jantar-debate em que foi o orador convidado, o primeiro de uma série organizada pelo Clube Parlamentar do Partido Socialista, animado por Manuel Maria Carrilho e aberto a convidados exteriores ao universo socialista (estavam lá Proença de Carvalho, Carlos Monjardino e os professores universitários João Caraça e André Freire), o politólogo francês defendeu a seguinte tese: hoje a esquerda francesa não é capaz de agir como força de transformação da sociedade, remetendo-se a um papel defensivo, dificilmente sustentável, de querer conservar o que existe. Laïdi foi mesmo um pouco mais longe. Face à rapidez das transformações mundiais, a esquerda inverteu o seu papel com a direita. É esta última que tenta mudar, enquanto a primeira tenta sobretudo conservar.
Para os socialistas portugueses, este discurso pode ser menos dramático, na medida em que ninguém se atreveria a dizer que o Governo de José Sócrates não quer mudar nem reformar. Mas sobra uma segunda questão incómoda: para ser reformista hoje, a esquerda tem de ser parecida com a direita liberal? Foi também esta a questão a que Laïdi tentou responder, afirmando que há várias maneiras de se ser reformista nas sociedades democráticas e abertas da Europa. E há casos de sucesso em que foi possível gerir as mudanças a tempo e sem pôr em causa a coesão social, como nos ensina o exemplo dos escandinavos.

Proteger os protegidos?
O politólogo francês, que não poupou críticas aos socialistas do seu país, enunciou o que considera serem os dois desafios mais difíceis para a esquerda na era da globalização. O primeiro consiste em saber como adaptar a lógica da redistribuição da riqueza e, portanto, da redução das desigualdades, no espaço nacional, que é a sua marca ideológica, em sociedades que se caracterizam pela "desintegração" desse mesmo espaço, precisamente por efeito da globalização. O segundo desafio que se coloca à esquerda é o da própria mudança de natureza das desigualdades. Hoje já não é possível falar de grupos sociais mais ou menos homogéneos, mas antes de formas de desigualdade "muito mais complexas e muito mais diferenciadas" em relação às quais a redistribuição clássica da riqueza deixa de funcionar.
Ora, são precisamente as clientelas tradicionais da esquerda (Laïdi mencionou os funcionários públicos ou os assalariados que gozam de emprego para a vida) que estão em vantagem nesta nova desigualdade social. O que fazer então? "Proteger os protegidos?" Ou, pelo contrário, procurar reduzir as diferenças entre os que gozam das regalias de um mundo passado e aqueles que estão fora delas à espera de um mundo futuro? A sua conclusão é que o compromisso social que caracterizou as sociedades europeias desde o pós-guerra, sobretudo nos "trinta gloriosos" anos do grande crescimento económico, não é mais possível. Pelo menos, não é mais possível no quadro nacional.
Qual é a saída? Sem ir muito longe, o politólogo francês admitiu que a flexibilidade é a condição essencial para a adaptabilidade das nossas sociedades. Tudo está em saber quais são as contrapartidas e como se repartem os custos dos ajustamentos que é preciso fazer.

Não ter medo
da globalização
O segundo problema da esquerda, segundo Zaki Laïdi, diz respeito ao seu "reflexo de medo" perante a globalização, para advertir que não aceitar a globalização é "não aceitar a evolução do mundo, nem aceitar a expansão da riqueza para os outros". Aliás, as suas palavras foram particularmente duras para uma esquerda com reflexos "nacionalistas" que imagina que o enriquecimento dos outros terá de ser feito à custa do empobrecimento dos ricos, sem sequer cuidar de analisar uma realidade mundial que demonstra precisamente o contrário.
Terão os socialistas portugueses gostado daquilo que ouviram? A discussão mensal vai continuar, alternando convidados estrangeiros e nacionais. A próxima está marcada para 19 de Abril, o tema serão os partidos políticos nas sociedades em mudança e o orador convidado o professor Farelo Lopes do ISCTE.

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Replies:
Subject Author Date
ProvincianismoFernando Penim Redondo19/03/06 8:43:08
A cassettePJNS19/03/06 14:13:57
Esta conversa dos "novos conceitos" começa a irritar...Guilherme Statter19/03/06 22:59:16


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