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Subject: Esta conversa dos "novos conceitos" começa a irritar...


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 19/03/06 22:59:16
In reply to: Teresa de Sousa 's message, "Da esquerda conservadora à esquerda reformista" on 17/03/06 17:13:12

Quando tive que estudar filosofia (no antigo ICL) havia uma grande enfâse na questão da "abstracção" e de como isso, a "abstracção", era o nó górdio ou ponto de partida para toda e qualquer reflexão científica...
O Marx falava de "luta de classes" e o pessoal só vê é sindicatos, greves e manifestações. Bem que o Marx falava de o Capital ser trabalho morto e que "como um vampiro" precisava de trabalho vivo para se manter.
E que, em abstracto, a luta de classes seria sempre e tão só esse confronto entre, por um lado "Capital Constante=Trabalho Morto" e, por outro lado, "Trabalho Vivo=Capital Variável".
O Marx falava da expansão avassaladora do sistema capitalista e da sua influência "civilizadora" sobre as colónias das potências europeias (assim como sobre os países "atrazados") e vêm-nos com esta da "novidade da globalização". E da necessidade dos "novos" conceitos.
A única coisa que será nova nesta chachada toda será o facto (para alguns, se calhar, esquisito) de o sistema-mundo (capitalista) ter passado de uma situação de sistema-aberto (ou em expansão geográfica) para uma situação de sistema-fechado, facto esse que ocorreu em vésperas da Primeira Guerra Mundial. Aliás por isso mesmo - pela passagem a sistema-fechado - é que essa guerra foi mundial.
E só agora, enfim desde há umas décadas para cá e porque a "mundialização" se tornou tão visivel que já não se pode esconder mais, só agora (dizia) é que se pode começar a discutir as tendencias intrínsecas do capitalismo (à escala mundial) e desde logo a tendencia para o desemprego sistémico.
Ou como diria Marx há uns 150 anos atrás, a produção em demasia de muitas coisas úteis acaba por dar origem à "produção" de muitas pessoas inúteis. Ou não utilizáveis...
Até há uns cem anos atrás os decisores centrais do capitalismo ainda podiam "exportar" o desemprego para a "periferia". E assim fingir ou pretender que "não senhor, o capitalismo não dá origem a desemprego sistémico. Só "conjuntural" ou, quando muito, "estrutural"". Mas sistémico, NÃO!!!
O século XIX - aquele em que viveu Marx - foi o século em que a Europa exportou milhões de desempregados para muitos países da então "periferia".
Agora, para além dos desempregados no "centro", temos os milhares de desempregados da "periferia" a bater á porta (fronteira México-USA... Estreito de Gibraltar...)
E não há volta a dar-lhe.

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