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Subject: 7 + 8 - A exploração e as hipóteses de revolução...


Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 18/11/06 0:09:20
In reply to: Guilherme Statter 's message, "Um "inventário" das ideias de Marx e Engels - Ou a peregrinação continua..." on 14/11/06 10:55:01


7. A exploração faz parte intrínseca do capitalismo enquanto sistema económico, aumentando assim as hipóteses da revolução.
8. A estrutura de classes torna-se cada vez mais antagónica ou polarizada, aumentando assim as hipóteses da revolução.

Junto aqui estas duas "teses" ou "ideias do Inventário" pelo facto de terem em comum a questão das "hipóteses da revolução"
Em primeiro lugar, de facto, a exploração faz parte intrínseca do capitalismo, embora como já foi assinalado em relação a outras características, não seja – a exploração – característica exclusiva do capitalismo.
Não cabe aqui fazer a demonstração desta asserção.
Em segundo lugar, se considerarmos o problema à escala da economia mundial globalizada, de facto a estrutura de "classes" tem-se vindo a polarizar cada vez mais.
Mas atenção, utiliza-se aqui a palavra "classe" num sentido MUITO lato na medida em que quando se pensa nas centenas de milhões de seres humanos (potenciais trabalhadores...) que estão "à margem" do sistema (em África, na Ásia do Sul, na América Latina), torna-se (MUITO) difícil perspectivá-los como uma "classe", no sentido ortodoxo ou original do termo. Nem sequer como parte do chamado "lumpen proletariat"... São simplesmente "excedentários". De um ponto de vista do capitalismo, "não produzem", "nem consomem" (passe o exagero... se é que o há!).
E no entanto são o resultado directo e imediato da lógica de funcionamento do sistema capitalista. Por isso não é aceitável – lógica e eticamente – que se considerem como "marginalizados" face ao processo de globalização, como pretendem os autores da chamada "linha principal".
No entanto – e no que diz respeito à asserção comum a estas duas "teses" ("aumentando assim as hipóteses da revolução") é importante fazer uma série de observações críticas.
Mais uma vez temos aqui o problema de ter que se definir antecipadamente qual o âmbito "geográfico" ou "unidade de análise" que é relevante: se cada país (ou estado nacional) se o sistema na sua globalidade planetária.
Mas mesmo, se pusermos temporariamente essa questão de lado, um outro problema mais fundamental se coloca:
o da relação(causa e efeito...) entre o processo de exploração e a eventualidade da revolução.
Uma primeira observação que é quase uma banalidade histórica é o facto de que ao longo dos milénios não têm sido os "explorados" quem tem feito as revoluções.
Os explorados o que têm feito são revoltas. O que é profundamente diferente. No Império Romano tivemos o caso da revolta dos escravos comandados por Spartacus. Na Idade Média, mais concretamente ao longo do século XIV (mas também mais tarde), tivemos as revoltas de camponeses (as "jacqueries"...)
Quem veio a fazer as revoluções nos alvores da Europa Moderna não foram os explorados, foram os burgueses.
Por outras palavras, nada na História deveria permitir a Marx e Engels tirarem a conclusão de que seriam os "operários industriais" que viriam a ser os novos agentes ou actores sociais da "Revolução Socialista".
Voltando entretanto à questão da "unidade de análise" ou "âmbito de aplicação" (da "tese"... âmbito "nacional" ou mundial"), é um facto insofismável para quem queira observar o mundo que havendo um agravar relativo (e em muito casos absoluto) das condições de vida de grandes e crescentes massas de "trabalhadores" (em rigor "excedentários"...), é também verdade que aumentam as hipóteses de revolta, mas não necessariamente de "revolução". Em qualquer caso os meios de comunicação trazem-nos noticia, hora a hora, do aumento da chamada "anomia social" um pouco por todo o mundo.
Ou seja, creio que se pode afirmar com alguma segurança que historicamente não se tem verificado qualquer relação significativa entre a causa "processo de exploração" e o efeito "hipótese de revolução".
Nisto Marx e Engels parece que se enganaram. Em particular ao identificarem como "agentes da revolução" uma particular classe de explorados, os "trabalhadores assalariados".

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Voscência não se envergonhe das piruetas.Pior é persistir nos meandros da fé!Mais um ateu?vou ali volto já18/11/06 18:58:47
Duas observaçõesFernando Penim Redondo18/11/06 20:10:50


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