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Aurélio Santos, Avante, 07/07/05
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Date Posted: 7/07/05 12:48:49
In reply to:
Artur Costa, JUIZ CONSELHEIRO. JN, 07/07/05
's message, "Qualquer dia, todos os direitos adquiridos pelos trabalhadores serão considerados privilégios" on 7/07/05 1:22:01
Benesse ou conquista?
Aurélio Santos, Avante, 07/07/05
Parece que os administradores do Banco de Portugal também reivindicam «direitos adquiridos» para que não lhes sejam diminuídas as lautas pensões de que beneficiam! Só omitem uma coisa: é que quando os trabalhadores lutam contra o adiamento da idade de reforma ou cortes nos seus direitos sociais, defendem direitos adquiridos em lutas de dezenas de anos, às vezes de gerações, e que resultam da sua contribuição para o bem estar social, através do seu trabalho. Enquanto que as pensões dos administradores do Banco são benesses que o Capital generosamente concedeu para zelosa gestão dos seus interesses.
Vem isto a propósito duma questão que também às vezes se levanta: não será uma posição reformista defender afincadamente direitos sociais exercidos nas condições de um Estado capitalista? Não se estará assim a deixar cair a perspectiva da revolução, da tomada do poder pelos trabalhadores, como condição para o real exercícios dos direitos sociais? E não haverá aí uma concepção de raíz social-democratisante?
Creio bem que tal visão, aparentemente revolucionária, não teria em conta o valor revolucionário da luta de classes no plano social e a sua importância para a consciencialização revolucionária dos trabalhadores. E, além disso, falsearia o real papel que a social-democracia tem tido na estratégia do capitalismo.
Será que as conquistas alcançadas pelos trabalhadores no século XX foram benesses concedidas pelo Capital por obra e graça da intercepção da social-democracia? Ou foram conquistas arrancadas ao Capital pela força da luta de classes no plano nacional e internacional?
Foi devido a terem ficado muitas vezes na defensiva, encostados à parede, que Estados dominados pelo Capital foram obrigados a reconhecer direitos e assumir funções sociais que nada têm a ver com a sua natureza de classe.
Até, muitas vezes, para salvarem, na tormenta, os seus instrumentos de dominação económica e política, bem como os véus ideológicos com que ocultam a sua natureza
de classe. Em todos esses aspectos a social-democracia foi apoio da dominação capitalista. Para se confirmar esse papel, basta ver como agora os partidos que se reclamam da social-democracia se arvoram em arautos das teorias e zelosos executantes das práticas do neo-liberalismo capitalista. Incluindo na cruzada que tem como alvo o desmantelamento das conquistas sociais.
Os factos confirmam que com a dominação do capitalismo não só as conquistas sociais como a própria liberdade e a democracia estão permanentemente limitados, condicionados e postos em causa pela ditadura oculta que o poder económico exerce sobre a sociedade através dos poderes políticos por ele controlados ou a ele submetidos.
Mas até para avançar para uma transformação revolucionária, socialista, lutamos pela defesa e avanço dos direitos dos trabalhadores, agora e aqui.
Não esquecemos que as pessoas só vivem uma vida.
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