VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

15/11/24 18:43:48Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 12345678 ]
Subject: Hipocrisia e alguma ignorância (1)


Author:
Manuel Carvalho da Silva, DN, 06/07/05
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 7/07/05 13:00:33
In reply to: Artur Costa, JUIZ CONSELHEIRO. JN, 07/07/05 's message, "Qualquer dia, todos os direitos adquiridos pelos trabalhadores serão considerados privilégios" on 7/07/05 1:22:01

Hipocrisia e alguma ignorância (1)


Manuel Carvalho da Silva, DN, 06/07/05

Uma das expressões significativas dos défices mais profundos da sociedade portuguesa situa- -se na crónica fraca valorização do trabalho e na pouca dignidade com que se tratam os trabalhadores e, por consequência, as suas organizações e os seus representantes.

Não foi por acaso que o País sofreu nas últimas décadas, quase pacificamente, uma profunda destruição do aparelho produtivo, uma perda de qualificações identificada no desaparecimento de trabalhadores com profissões que foram apelidadas de velhas e hoje fazem imensa falta. Não é por acaso que não se avança, de forma sólida, na efectivação da formação profissional e continuamos com dificuldades de inovar e reestruturar as empresas e, em geral, a economia do País.

Hoje, na Europa, há sobreocupação de trabalho nas siderurgias e no sector de reparação e construção naval, ao mesmo tempo que se reclama uma profunda revolução nos meios de transporte, reforçando o papel dos caminhos-de-ferro e do transporte marítimo.

Entretanto, em Portugal, assistimos ao fecho da única siderurgia que tínhamos, ao encerramento da Lisnave, ao desaparecimento da metalomecânica pesada. E outros sectores fragilizaram-se profundamente, como as pescas, a agricultura, a cerâmica ou o sector alimentar. Em simultâneo, desbarataram-se, ou foram desviados para fortunas pessoais, milhões e milhões oriundos dos fundos comunitários e do Orçamento do Estado.

Tudo isso foi feito em nome da modernidade, caluniando trabalhadores e sindicalistas que lutaram contra essas desastrosas opções e que denunciaram as razões e as negociatas que suportavam muitos desses processos.

Sejamos claros, podem apresentar-se muitos projectos inovadores e sugestões de novas profissões mas, mantendo-se esta cultura, serão raros, embora honrosos, os casos que vingam.

Os que agora lançam calúnias sobre os sindicalistas e os trabalhadores "privilegiados" (slogan hoje mais aplicado aos trabalhadores da administração pública, mas que também pretendem aplicar aos do sector privado) são os mesmos que foram e são incapazes, por ignorância ou opção de classe, de fazerem uma análise séria dos problemas e baterem-se de forma empenhada pelo cumprimento da legalidade, da justiça social, da efectiva solidariedade e do desenvolvimento do País.

Se o fizessem, também saberiam defender uma verdadeira reforma da administração pública, cuja essência é de ordem estrutural e organizacional, o que implica definição clara de objectivos e criação de uma justa e funcional cadeia de responsabilização nos mais diversos sectores, valorizando, dignificando e responsabilizando todos os trabalhadores. É dessa reforma, feita para assegurar uma relação saudável com os cidadãos, para garantir funções e direitos sociais a todos, para apoiar e responsabilizar as empresas e a generalidade das organizações da sociedade e para promover políticas de desenvolvimento, que o País precisa.

Por hipocrisia, escamoteiam a verdade sobre a acção sindical e até lhes repugna a referência a qualquer das inúmeras e fundamentadas propostas e trabalhos que os sindicatos fazem, designadamente sobre o desenvolvimento, o emprego, a Segurança social, a saúde, o ensino, a formação profissional, a higiene, saúde e segurança no trabalho, a justiça, a igualdade, a imigração.

Qualquer "bicho-careta" com fraca ou apenas pontual experiência do mundo do trabalho e sem qualquer estudo, quer sobre as questões da estruturação e organização das empresas e do trabalho, quer sobre a regulação e regulamentação do trabalho, dá doutas orientações sobre o que devem fazer os trabalhadores e sindicalistas, sobre como se devem comportar face à actuação do capital, ou dos governantes, receitando sempre, em função do que está na "moda", as receitas do poder económico e financeiro.

O que o capitalismo neoliberal tem em marcha é a pretensão de impor as precariedades e a desregulação como regra na generalidade da prestação do trabalho, criando, a partir daí, a ideia de que os direitos no trabalho são privilégios.

O sindicalismo e os sindicalistas que, embora conhecendo bem o mundo do trabalho e a sociedade, têm lacunas e défices que vão procurando suprir, não vão desarmar nos seus objectivos a favor dos trabalhadores, da sociedade e até de muitos dos que os caluniam.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Replies:
Subject Author Date
Ex.mo Senhor Dr. Miguel Sousa TavaresManuel Carvalho da Silva 7/07/05 13:59:13


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.