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Subject: Era bom que trocássemos ideias sobre a esquerda | |
Author: Fernando Madaíl e Pedro Correia (DN, 10 Novembro 2006) |
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Date Posted: 11/11/06 10:31:13 Era bom que trocássemos ideias sobre a esquerda Fernando Madaíl e Pedro Correia O que é ser de esquerda, hoje? Na síntese do encenador Jorge Silva Melo, "é o que foi sempre, fazer com que hoje seja possível o que ontem declararam impossível". A dificuldade de se encontrar unanimidade nas respostas percebe-se na advertência do comunista Vítor Dias: "Este é um tema de inesgotável debate e de viva controvérsia que, tratado em poucas palavras, conduz quase fatalmente a fórmulas simplificadoras ou empobrecidas." Embora empobrecendo as várias declarações, pode-se sustentar que ser de esquerda, hoje, "é privilegiar a liberdade em relação à produtividade" e "adoptar, como ponto de princípio, o partido dos que menos têm, em vez dos que têm mais" (António Mega Ferreira); "estar convencido de que o capitalismo não existiu desde sempre e por isso é possível que não dure para sempre" (Boaventura Sousa Santos); ter "um perfil e um temperamento que cultivam a inquietação da dúvida, contra o conforto da certeza" (Nuno Brederode Santos); "não aceitar como acabadas as leis, os princípios, os regimes" (Jorge Silva Melo). Mas, como sustenta Mário de Carvalho, "a esquerda é incompatível com embustes e mentiras". Por isso, "o estalinismo, o maoísmo e o kimilsunguismo não são de esquerda", para o autor de Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias sobre o Assunto, que descarta "as histerias exibicionistas, as epifanias, os fanatismos, integrismos e fundamentalismos". Vítor Dias diz que é "não achar que as sociedades actuais e os sistemas de dominação e exploração que comportam sejam o último e definitivo patamar da história". Mais longe vai Francisco Martins Rodrigues, figura do maoísmo, para quem ser de esquerda "é avisar toda a gente de que é preciso acabar com o capitalismo - antes que ele acabe connosco". Boaventura Sousa Santos, professor universitário, admite que o "que virá depois do capitalismo poderá ser pior ou melhor", mas "ser de esquerda é lutar por um futuro melhor". Fundamental, para caracterizar a esquerda, é "o papel instrumental das políticas públicas", como acentua o socialista Pedro Adão e Silva, que foi membro da direcção do PS com Ferro Rodrigues. Alfredo Barroso, outro socialista, observa: "A esquerda entende que o Estado deve tornar-se mais eficiente e mais bem gerido mas para prestar serviços essenciais aos cidadãos em domínios como a educação, a saúde e a Segurança Social." Ao contrário da direita, "defensora do Estado mínimo". Para a ex-deputada socialista Helena Roseta, ser de esquerda é manter "uma posição inconformada e inconformista perante as injustiças", hoje ampliada com o recurso às novas tecnologias, que facilitam a "emergência do poder dos cidadãos". Outro ex-parlamentar do PS, Medeiros Ferreira, sublinha: "A nova esquerda internacionalista devia começar por impedir o dumping social intra e extramuros que empurra a vida das pessoas para baixo." E que mais? "É ter uma atitude transformadora da sociedade no sentido de garantir maior igualdade e solidariedade" (Marcos Perestrello, dirigente do PS). "É combater as desigualdades extremas de rendimentos e a desigualdade no acesso ao conhecimento e à educação" (Pedro Adão e Silva). "É lutar pela igualdade tendo sempre presente que um valor essencial para isso é a liberdade" (Carlos Brito, ex-dirigente do PCP). Há outras definições para esquerda, claro. "Uma adesão profunda às liberdades democráticas, à participação nas decisões colectivas e aos direitos humanos, além da convicção de que o Estado é serviço público essencial, com funções que o sector privado não pode cabalmente substituir", diz Luís Moita, vice-reitor da Universidade Autónoma de Lisboa. E Baptista-Bastos, jornalista e escritor, declara: "Ser de esquerda é acreditar nas infinitas possibilidades do homem como centro do universo. E combater tenazmente esta globalização que tem sido um terrível instrumento de ganância." Há seis décadas, no seu romance Cabra Cega, o escritor francês Roger Vailland forneceu a sua própria definição: "O homem das esquerdas é aquele que quando os impostos são pesados de mais concebe que é possível não os pagar, instiga os refractários e agrega-os; desde a origem do mundo que conspira contra o tirano." No fundo, uma tese de sempre. Mas quem a subscreveria nestes exactos termos hoje em dia? [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
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