| Subject: recuperação capitalista? |
Author:
paulo fidalgo
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Date Posted: 1/07/05 16:21:19
In reply to:
João Luís
's message, "Com esta tão brilhante conclusão bem pode o Sócrates governar descansado, prosseguir na política..." on 30/06/05 22:03:27
A definição do Estado actual como Estado, no mínimo, capitalista contido, pelas conquistas do trabalhadores, faria de facto Marx dar saltos
E definir a actual fase como de «recuperação capitalista» é um erro crasso. Faz pressupor que a recuperação significa que estamos a tentar evitar sair de um Estado que não é capitalista, cuja «recuperação» de resto combatemos. O Estado actual seria bom, ou no mínimo serria melhor do que aquele que tínhamos.
Sem dúvida que as prestações estatais são um complemento do valor da mão-de-obra, necessárias ao funcionamento do capitalismo e à sobrevivência e reprodução da dita mão-de-obra, sem carregar directamente os custos de exploração das empresas capitalistas.
São portanto parte do salário, para simplificar.
Por isso se justifica o defensismo com que os trabalhadores defendem, passe a redundância, o SNS e o sistema educativo públicos.
Porque a sua destruição sem reposição de prestações de outra origem, levaria a uma redução do salário composto, directamente recebido, mais indirectamente prestado pelos serviços do Estado.
Equivaleria a um corte salarial.
Para além de efeitos incomensuráveis em toda a economia.
Uma coisa é dizermos que isto é um ataque do capital ao trabalho, outra é classificarmos o Estado dito social como estado mais favorável aos trabalhadores e até diferenciado do estado capitalista. Isso é uma total confusão.
As prestações sociais são o produto da luta dos trabalhadores e de uma dada correlação de forças. Isto é, o capitalismo durante bastante tempo aceitou uma dada configuração. Desde o «new deal» (novo acordo) com Roosevelt.
E agora não aceita. Quer uma remodelação. Isso é mais claro do que estar a jogar com conceitos muitos imprecisos como o do Aurélio Santos. Quase aliás que ele diz que o Estado de onde vimos seria praticamente o socialismo e que agora querem voltar ao capitalismo.
Quanto mais defensivos do Estado anterior menos hipóteses teremos de ganhar apoios para uma mudança a qual nunca ganhará terrenos se for uma mudança para trás.
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